Acordo EUA-Austrália sobre terras raras abre diálogo com Brasil

David Becker

Entendimento entre as nações pode influenciar negociações sobre minerais críticos com o Brasil

Acordo EUA-Austrália sobre terras raras pode abrir negociações com o Brasil.

Um acordo entre Estados Unidos e Austrália sobre minerais críticos e terras raras é visto como uma pista do que pode ser negociado com o Brasil após a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O entendimento foi anunciado pela Casa Branca, na segunda-feira (20), ao fim de um encontro entre Trump e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em Washington. Esse acordo visa garantir o abastecimento de minerais críticos e terras raras, prevendo investimento e apoio tecnológico dos EUA para o desenvolvimento do setor na Austrália.

O presidente Lula tem enfatizado que o Brasil deseja não ser apenas um exportador de commodities. “Queremos agregar valor em nosso território, com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades locais”, afirmou Lula, em 23 de setembro, vésperas da reunião com Trump. O governo americano demonstrou interesse em discutir o fornecimento de minerais críticos e terras raras com o Brasil, embora essa questão ainda não tenha sido formalmente abordada pela Casa Branca.

Principais pontos do acordo

O acordo entre EUA e Austrália inclui uma seleção de projetos prioritários, o fortalecimento de cadeias produtivas e um financiamento de US$ 1 bilhão para desenvolver jazidas. Dois dispositivos do entendimento são de especial interesse dos americanos: um sobre mecanismos de preços, com compromissos de práticas não desleais, e outro sobre a venda de ativos, onde os australianos prometem impedir a transferência de jazidas essenciais por “motivos de segurança nacional”.

Contexto do mercado de terras raras

Esse entendimento surge em um contexto de restrições da China à exportação de terras raras para os Estados Unidos, o que pode complicar o funcionamento da indústria americana. Os países que detêm as maiores reservas globais de terras raras incluem China, Brasil, Índia, Austrália e Rússia, nesta ordem. No Brasil, a venda de ativos de níquel da Anglo American à chinesa MMG tem gerado controvérsias e discussões sobre a concentração de mercado e segurança de suprimento.

Próximos passos

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reunirá nesta semana com o secretário americano de Energia, Chris Wright, durante uma reunião setorial do G7 no Canadá, o que poderá trazer novos desdobramentos nas negociações sobre minerais críticos.

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