Negociações críticas para a assinatura do tratado estão em andamento.
A União Europeia se prepara para votações que podem selar o destino do acordo com o Mercosul nesta semana.
A União Europeia (UE) se encontra em uma encruzilhada crucial. Após um quarto de século de negociações, os dias que se seguem podem determinar se o tão aguardado acordo com o Mercosul será finalmente assinado ainda em 2025. As votações que ocorrerão no Parlamento Europeu e as discussões no Conselho Europeu estão cercadas de tensões políticas e preocupações sobre o impacto econômico.
O contexto das negociações
A semana decisiva para o acordo começa com uma intensa movimentação em Bruxelas. Nesta terça-feira, 16 de dezembro, os eurodeputados votarão um pacote de salvaguardas, essenciais para proteger a economia da UE de possíveis efeitos adversos causados pelos produtos importados do Mercosul. Estas salvaguardas são mecanismos que permitirão à Comissão Europeia agir rapidamente caso haja um aumento significativo nas importações, que possam prejudicar setores sensíveis da economia europeia.
A situação é ainda mais complexa devido à crescente preocupação de que, sem a assinatura do acordo, países como Argentina e Brasil possam se voltar para outros parceiros comerciais, diminuindo a influência da UE na América do Sul. Isso é reforçado por um relatório recente de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, que ressaltou a necessidade urgente de finalizar o acordo para manter a competitividade da Europa.
Detalhes das votações e divisões internas
As salvaguardas, se aprovadas, abrirão caminho para a próxima etapa, que é a votação do próprio acordo pelos líderes dos 27 países da UE programada para quinta-feira, 18 de dezembro. Contudo, o bloco enfrenta uma divisão interna significativa: países como Alemanha e Espanha apoiam a conclusão do tratado, enquanto França e Polônia expressam dúvidas, citando riscos para a agricultura e o mercado interno.
Um fator crítico a ser observado é a posição da Itália, que poderá ser decisiva para alcançar a maioria qualificada necessária para que o acordo prossiga. A Bélgica já sinalizou que deve se abster, aumentando o peso da decisão italiana neste processo.
O futuro do acordo e suas implicações
Caso o acordo seja ratificado, ele poderá criar uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, envolvendo cerca de 780 milhões de pessoas. No entanto, a assinatura em Foz do Iguaçu não garante imediata implementação; o texto ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu em 2026.
A pressão para que o acordo avance é palpável, mas a resistência de alguns países e a proximidade de eleições nacionais podem complicar ainda mais as decisões políticas. O ministro da Economia da Espanha, Carlos Cuerpo, declarou-se otimista, afirmando que o acordo é estratégico para a UE e expressou esperança de que ele possa ser concluído antes do final do ano.
À medida que a semana avança, a expectativa é de que as negociações se intensifiquem, e o resultado delas poderá alterar significativamente o panorama comercial entre a Europa e a América do Sul.



