Partido alemão se alinha a movimentos conservadores, enquanto europeus mostram cautela.
AfD promove renascimento nacionalista na Europa, em resposta a declarações de Trump sobre "erasure" cultural.
A AfD, partido de direita da Alemanha, levantou a bandeira do renascimento nacionalista na Europa após declarações de Donald Trump sobre uma suposta ‘erasure’ civilizacional no continente. O porta-voz de política externa do partido, Markus Frohnmaier, afirmou que a AfD está disposta a lutar ao lado de aliados internacionais para promover uma nova era conservadora.
Na última quarta-feira, Frohnmaier anunciou que se reunirá com apoiadores da agenda ‘Maga’ (Make America Great Again) em Washington e Nova Iorque. A AfD, que lidera as pesquisas na Alemanha, tem buscado construir parcerias sólidas com grupos que defendem a soberania nacional e políticas de imigração mais restritivas.
Essas afirmações ocorreram em resposta à nova estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos, onde a administração Trump alega que a Europa está enfrentando um colapso cultural devido à imigração e à integração europeia. Em uma entrevista, Trump descreveu a Europa como ‘fraca’ e ‘decadente’, responsabilizando-a por sua própria destruição através da imigração.
O documento da estratégia enfatiza que alguns países da UE podem se tornar ‘maioria não europeus’ em décadas, acusando a União Europeia de minar a liberdade política e a soberania dos Estados. A política dos EUA em relação à Europa, segundo a estratégia, se concentrará em ‘cultivar resistência à trajetória atual da Europa’.
Partidos como a AfD, o Rally Nacional da França e o Vox da Espanha têm baseado suas campanhas eleitorais na crítica à suposta superexposição da UE e à imigração excessiva. O AfD, em particular, tem buscado se alinhar mais próximo aos movimentos americanos.
Por outro lado, outros partidos nacionalistas europeus têm demonstrado cautela, conscientes da grande desaprovação de Trump entre os europeus, incluindo eleitores de direita. Muitos europeus veem Trump como uma ameaça à União Europeia, desejando um bloco mais forte.
A complicada relação entre as políticas de Trump e os interesses dos nacionalistas europeus é evidente, já que enquanto Trump é ‘America First’, os líderes europeus frequentemente defendem suas próprias agendas nacionais. O governo da Hungria, por exemplo, optou por não comentar diretamente sobre a nova estratégia dos EUA, embora tenha se manifestado em relação à necessidade de um ‘movimento patriótico para tornar a Europa grande novamente’.
Na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni, que possui raízes pós-fascistas e já se alinhou ideologicamente com Trump, declarou que não percebe ‘fissuras’ na relação transatlântica. Embora compartilhe da visão de Trump sobre a imigração, o líder do RN, Jordan Bardella, expressou sua aversão à ideia de vassalagem sob o comando dos EUA, mencionando que não precisa de um ‘grande irmão’ para cuidar de sua nação.
Esse cenário destaca não apenas a busca da AfD por apoio internacional, mas também o delicado equilíbrio que os partidos nacionalistas europeus precisam manter entre suas agendas locais e as influências externas, como as da administração Trump, que tem um apelo diferente na Europa.
Fonte: www.theguardian.com
Fonte: Hannibal Hanschke/EPA


