Curitiba figura entre as capitais mais tabagistas do Brasil; campanha de conscientização alerta para os riscos do tabagismo tradicional e eletrônico
Com aproximadamente 32 mil novos casos anuais previstos no Brasil, o câncer de pulmão é uma das neoplasias mais comuns e letais, sendo responsável por cerca de 28 mil mortes por ano no país, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A mortalidade elevada decorre, em grande parte, do diagnóstico tardio, já que mais de 85% dos casos são descobertos em estágio avançado. E se, no panorama nacional, os números já preocupam, em Curitiba e no Paraná o alerta é ainda maior, já que segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 13,7% dos curitibanos maiores de 18 anos fumam regularmente, número que figura a capital paranaense entre as que apresentam maior número de fumantes adultos no Brasil e com um crescimento acelerado no consumo de cigarros eletrônicos.
Entre os jovens, a preocupação é ainda mais alarmante, já que 27,5% dos adolescentes de 13 a 17 anos relataram já ter experimentado cigarros eletrônicos, e 49% afirmaram ter usado narguilé ao menos uma vez na vida, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Para o oncologista do Centro de Oncologia do Paraná (COP), Dr. Ruy Fernando Kuenzer Caetano Da Silva, esses dados refletem a realidade local e reforçam a importância de ações como a campanha Agosto Branco para alertar sobre os riscos crescentes do tabagismo e do uso de cigarros eletrônicos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 13,7% dos curitibanos maiores de 18 anos ainda fumam regularmente. E entre adolescentes de 13 a 17 anos, os números indicam que 27,5% já experimentaram cigarros eletrônicos, e 49% relataram ter usado narguilé ao menos uma vez. “A falsa sensação de segurança associada aos dispositivos eletrônicos, aliados a sabores agradáveis, estética moderna e fácil acesso, tem contribuído para o retorno de jovens ao consumo de nicotina. Estamos vendo uma geração que estava afastada do cigarro ser seduzida por versões ‘modernas’ do mesmo mal. O surgimento desses produtos entre adolescentes compromete anos de avanço nas políticas de combate ao tabagismo”, lamenta.
O médico também reforça que ainda que o cigarro eletrônico não libere a fumaça da queima do tabaco, ele aquece substâncias químicas, como propilenoglicol e glicerina, que, vaporizadas, formam compostos irritantes e cancerígenos. “O consumo desses dispositivos mantém (ou induz) a dependência da nicotina e está associado a lesões pulmonares agudas, arritmias cardíacas, bronquite crônica e, a longo prazo, a neoplasias. A nicotina é altamente viciante. Muitos adolescentes sequer percebem que estão desenvolvendo uma dependência química grave”, comenta.
Tabagismo x câncer de pulmão
Existem dois tipos principais de câncer de pulmão: o carcinoma de pequenas células e o carcinoma de não pequenas células. Este último corresponde a cerca de 85% dos casos e se subdivide em três tipos: adenocarcinoma, carcinoma epidermóide e carcinoma de grandes células. “O adenocarcinoma é o mais comum, representando aproximadamente 40% dos diagnósticos no Brasil e no mundo, sendo que a maioria dos pacientes apresenta sintomas relacionados ao aparelho respiratório, como tosse persistente, falta de ar e dor no peito, embora também possam surgir sinais mais inespecíficos, como perda de peso, cansaço constante e fraqueza. Cerca de 15% dos diagnósticos acontecem de forma incidental, durante exames solicitados por outras razões. Por isso, a atenção aos primeiros sinais é essencial. O diagnóstico precoce contribui diretamente para o sucesso do tratamento”, destaca.
O tabagismo, reforça o especialista, continua sendo o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Estima-se que cerca de 90% dos casos estejam relacionados direta ou indiretamente ao consumo de tabaco. “Parar de fumar é, sem dúvida, a forma mais eficaz de se prevenir contra o câncer de pulmão e diversos outros tumores. Além disso, há impacto positivo imediato na saúde cardiovascular e respiratória. A interrupção do tabagismo reduz também o risco de doenças como pneumonia, AVC, DPOC e complicações severas por covid-19”, afirma Dr. Ruy.
Como se prevenir do câncer de pulmão
- Abandone o cigarro e derivados: parar de fumar, inclusive cigarros eletrônicos, é a principal medida de prevenção. A interrupção reduz drasticamente o risco de desenvolver câncer de pulmão e diversas outras doenças crônicas.
- Evite a exposição ao fumo passivo: ambientes com fumaça de cigarro também representam risco. A convivência frequente com fumantes aumenta significativamente as chances de desenvolver doenças pulmonares.
- Fique atento aos sintomas iniciais: tosse persistente, dor no peito, rouquidão, cansaço frequente e escarro com sangue são sinais que devem motivar uma avaliação médica imediata, especialmente em pessoas com histórico de tabagismo.
- Converse com seu médico sobre exames preventivos: para pacientes com mais de 50 anos e histórico de consumo intenso de cigarro, a tomografia de tórax de baixa dose pode ser indicada como forma de rastreamento precoce.
Adote um estilo de vida saudável: praticar exercícios físicos, manter alimentação rica em fibras, frutas e vegetais, evitar poluição e controlar doenças crônicas, melhora a saúde pulmonar e fortalece o sistema imunológico.