O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal medidor da inflação no Brasil, deve registrar sua primeira deflação em 2024. A expectativa é do mercado financeiro, que aguarda a divulgação dos dados de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10/9). A possível queda nos preços surge como um respiro em meio a um cenário econômico ainda desafiador.
O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, já indicou essa tendência ao apresentar uma retração de 0,14% em agosto. Segundo o IBGE, esse resultado foi influenciado, principalmente, pela redução de 4,93% nas tarifas de energia elétrica residencial, decorrente da inclusão do Bônus de Itaipu nas contas de luz.
Essa diminuição ocorreu mesmo com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. A deflação, vale lembrar, é o oposto da inflação, representando uma queda generalizada dos preços de bens e serviços.
O IPCA, calculado mensalmente pelo IBGE desde 1979, é um indicador crucial para a economia brasileira. Ele serve como referência para o Banco Central (BC) ao ajustar a taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 15% ao ano. O índice abrange uma vasta gama de produtos e serviços, desde alimentação e transporte até saúde e educação, coletando dados em diversas cidades para refletir a realidade da maioria da população urbana do país.
A Warren Investimentos projeta uma deflação de -0,17% para agosto e uma desaceleração da taxa em 12 meses, de 5,23% para 5,17%. “De forma geral, projetamos uma leitura bem-comportada, reforçando nosso viés baixista para a inflação”, afirma o relatório da Warren, que prevê inflação de 4,85% para 2025 e 4,50% para 2026.
O C6 Bank, por sua vez, é um pouco mais conservador, com uma projeção de -0,13%. Felipe Salles, economista-chefe do banco, explica que a revisão para baixo das projeções para 2026 reflete sinais de que a economia não está tão aquecida quanto se imaginava. “Um exemplo disso é que a inflação de serviços tem se mostrado ligeiramente mais branda, ainda que bastante elevada, apesar de a taxa de desemprego continuar no menor nível da série histórica”, conclui.
Embora as projeções estejam sendo revisadas, tanto o mercado financeiro quanto o Banco Central ainda esperam uma inflação acima da meta para 2025. A meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, resultando em um teto de 4,5%.