Roberto Padovani fala sobre a expectativa de cortes futuros na taxa de juros.
Banco Central deve reconhecer avanços na economia em reunião do Copom.
Selic a 15%: Copom avalia cenário econômico
O Banco Central (BC) está em um momento crucial ao decidir sobre a taxa Selic, atualmente em 15%. Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para esta quarta-feira (10), a expectativa é que a taxa seja mantida, mas há uma crescente pressão para que o BC reconheça os avanços da economia brasileira.
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Segundo o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, o Copom não deve anunciar cortes imediatos, mas a comunicação dos diretores do Banco Central será fundamental. “Ninguém espera corte de juros, mas, mais do que a taxa básica, está todo mundo de olho na comunicação”, ressalta Padovani em recente entrevista.
O foco na comunicação do Copom
O Copom tem adotado uma abordagem cautelosa, realizando ajustes graduais em seu discurso. Essa estratégia visa evitar que o mercado antecipe possíveis cortes nas taxas de juros. Padovani afirma que a comunicação deve permanecer firme, refletindo que o trabalho ainda não está completo. “Se muda o discurso, abrindo espaço para cortes de juros, os mercados futuros de juros antecipam esse corte”, alerta.
As expectativas são de que o BC continue mantendo essa postura rigorosa, visto que a atividade econômica está começando a desacelerar e a inflação, embora ainda alta, revela sinais de recuo. “A inflação passou a se desacelerar”, aponta Padovani, reafirmando que, embora o cenário esteja melhorando, o progresso é mais lento do que o desejado.
Expectativas de cortes e a inflação
Diante desse quadro, o Banco BV prevê que o início dos cortes na Selic só ocorrerá em março, dependendo do comportamento da inflação. Padovani explica que a condição primordial é a convergência das expectativas de inflação para a meta de 3%. “O termômetro mais óbvio de que eles podem começar a cortar juros é a confirmação da convergência das expectativas de inflação”, comenta.
Ele ressalta a importância de monitorar não apenas as expectativas para 2026, mas também para os anos seguintes. “Você tem que estar seguro de que essa convergência vai continuar acontecendo em direção a 3%”, enfatiza.
Desafios para o Banco Central
O cenário, porém, não é simples. Padovani aponta que o BC deve manter a taxa elevada por mais tempo para evitar reações prematuras do mercado. A imprevisibilidade do ambiente econômico, incluindo fatores internacionais e a política fiscal doméstica, representa desafios constantes para a instituição. Padovani observa que, enquanto não houver clareza sobre esses aspectos, os cortes de juros permanecerão como uma expectativa distante.
A projeção do Banco BV sugere que, quando o ciclo de cortes iniciar, ele será gradual, com reduções de 0,25 ponto percentual. A expectativa é que a Selic alcance 12% até o final de 2026, mas essa trajetória dependerá da consolidação das condições macroeconômicas e da efetividade do ajuste fiscal pelo próximo governo.
Um futuro incerto
As incertezas sobre a economia internacional, o desempenho dos mercados e o impacto da política fiscal interna tornam essa previsibilidade ainda mais complexa. O economista-chefe do BV sublinha que é essencial que o próximo governo consiga implementar um ajuste fiscal robusto para sustentar a recuperação econômica e garantir a convergência das expectativas de inflação. Caso contrário, a continuidade da expansão dos gastos públicos pode agravar a situação, elevando custos e comprometendo o controle da inflação.
Assim, a trajetória futura da Selic e a saúde financeira do Brasil dependem da habilidade do governo em navegar por esse ambiente desafiador, assegurando a estabilidade econômica e a confiança dos investidores.
Fonte: www.moneytimes.com.br


