Fotógrafo curitibano transforma sua visão artística em reconhecimento internacional
O curitibano André Tezza se destacou no Sony World Photography Awards 2025 com sua visão única da arquitetura.
Durante mais de duas décadas, André Tezza foi professor de fotografia e design na Universidade Positivo. Mas foi em 2023 que sua vida mudou, quando decidiu trocar o quadro das salas de aula pela janela de um motorhome e embarcou em uma jornada de 15 meses pelas Américas, percorrendo mais de 50 mil quilômetros do Alasca à Patagônia.
O que começou como um “ano sabático” virou uma profunda transformação pessoal e artística. “Não foi uma pausa de trabalho, foi uma troca de trabalho. Eu saí da universidade, mas mergulhei de vez na fotografia”, conta.
Mais do que registrar paisagens, ele buscava olhares, histórias e culturas. Para isso, desenvolveu uma disciplina quase monástica: saía cedo para aproveitar a luz da manhã e voltava a fotografar no fim da tarde. O resultado foram centenas de milhares de imagens e, principalmente, um olhar treinado para encontrar beleza no que foge do óbvio.
Foi esse olhar que o levou a Belize, pequeno país da América Central. Enquanto a maioria dos visitantes se encanta apenas com o mar turquesa do Caribe, Tezza voltou sua lente para San Ignacio, uma cidade interiorana marcada por casas simples, erguidas sobre palafitas, com varandas largas e cores desbotadas pelo tempo. Ali, viu muito mais do que arquitetura: viu sabedoria popular e adaptação humana. “Muita gente passa por ali sem ver beleza naquelas casas. Acho que o papel da arte é justamente esse: ver beleza onde as pessoas não estão vendo”, reflete.
A série de imagens rendeu à Tezza o 2º lugar no Sony World Photography Awards 2025, um dos concursos mais prestigiados do mundo, que recebeu mais de 400 inscrições de mais de 200 países. As fotos foram exibidas na Somerset House, em Londres, e agora seguem em exposição itinerante por Milão, Berlim e outras cidades da Europa. O trabalho também ganhou destaque em importantes publicações internacionais, como National Geographic (Espanha), Corriere della Sera (Itália), Marie Claire (Itália), Público (Portugal) e Paris Match (França).
Para o fotógrafo, o reconhecimento veio não só pela técnica, mas pela ruptura estética. “Normalmente, as fotos premiadas em arquitetura são em preto e branco, cheias de linhas geométricas e prédios espelhados. As minhas eram o oposto disso: coloridas, humanas, cheias de ruído e imperfeição”, afirma.
De volta ao Brasil, André Tezza acaba de inaugurar um estúdio de fotografia dedicado a retratar pessoas. Em seus ensaios, imprime uma estética própria feita de desfoques, enquadramentos incomuns e naturalidade, que funciona como um manifesto silencioso contra a perfeição das redes sociais. Com imagens que fogem do óbvio e, ao mesmo tempo, têm força profissional, Tezza retrata a beleza real, imperfeita e profundamente humana, capaz de comunicar mais do que qualquer filtro.
Para mais informações, acesse o perfil de André Tezza no Instagram (@andretezzafotografia).