As Cartas Sombrias de Jack: Mistério e Terror na Londres Vitoriana

Em 1888, enquanto o pânico se instaurava nas ruas de Whitechapel devido aos assassinatos brutais, uma série de cartas aterrorizantes inundou a polícia e a imprensa londrina. Entre a enxurrada de correspondências de curiosos e boatos macabros, três se destacaram por seu tom perturbador e possível ligação com o assassino conhecido como Jack, o Estripador.

A primeira, datada de 25 de setembro de 1888 e assinada “Jack the Ripper”, marcou a estreia do infame apelido que ecoaria na história. O autor zombava das autoridades e prometia novos ataques a mulheres, chegando a mencionar a mutilação de orelhas de uma futura vítima. Dias depois, o corpo de Catherine Eddowes foi encontrado com a orelha cortada, intensificando o debate sobre a autenticidade da carta: seria uma confissão do assassino ou uma manobra sensacionalista de algum jornalista?

Outro artefato inquietante é um cartão postal, postado em 1º de outubro de 1888, que descrevia os assassinatos de Stride e Eddowes como um “evento duplo”. O conhecimento desse detalhe, aparentemente não divulgado publicamente na época, elevou o pavor. No entanto, a possibilidade de que jornalistas tivessem acesso a tais informações levanta dúvidas sobre a veracidade da mensagem, sugerindo uma possível exploração midiática da tragédia.

A correspondência mais horripilante é uma carta enviada em 15 de outubro de 1888 a George Lusk, líder do Comitê de Vigilância de Whitechapel. A carta, intitulada “From Hell”, acompanhava um fragmento de rim humano. O remetente alegava ter cozinhado e consumido a outra metade do órgão. Apesar da natureza grotesca, a autenticidade é questionada por muitos historiadores. Contudo, erros de ortografia e o fato de ter sido endereçada diretamente ao vigilante, em vez da polícia, conferem um peso maior à sua possível legitimidade.

A autenticidade dessas cartas permanece um enigma. Naquele período, a imprensa ávida por notícias sensacionalistas amplificava a histeria, tornando difícil discernir entre pistas genuínas, fantasias macabras e tentativas de chamar a atenção. Enquanto alguns especialistas acreditam que as cartas eram meros truques de jornalistas, outros sugerem que pelo menos duas delas, “Dear Boss” e “From Hell”, podem ter sido enviadas pelo próprio assassino, perpetuando o mistério em torno da identidade de Jack, o Estripador.

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