Ataque em Doha expõe fragilidade da proteção dos EUA no Oriente Médio e gera incertezas sobre o futuro da mediação

O ataque israelense em Doha, que resultou na morte de membros do Hamas e um oficial de segurança do Catar, gerou ondas de choque e questionamentos sobre a eficácia da proteção dos Estados Unidos na região. O incidente, que ocorreu às vésperas de uma esperada resposta do Hamas a uma proposta de cessar-fogo, levanta dúvidas sobre o futuro dos esforços de mediação liderados pelo Catar e apoiados pelos EUA.

A proximidade entre o Catar e os Estados Unidos, evidenciada por acordos bilionários e demonstrações de apoio mútuo, como a visita de Donald Trump há alguns meses, contrastam com a aparente incapacidade de Washington em impedir o ataque em solo catari. A situação coloca em xeque a confiança dos países do Golfo nas garantias de segurança oferecidas pelos EUA, um pilar fundamental nas relações bilaterais.

Em uma entrevista à CNN, o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al-Thani, classificou o ataque como “terrorismo de Estado” e acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de minar as chances de paz e de colocar em risco a vida dos reféns. “Netanyahu acabou com qualquer esperança”, afirmou Al-Thani, expressando a frustração e a gravidade da situação.

Além do impacto direto no Catar, o ataque levanta preocupações sobre o futuro da mediação em conflitos regionais. O Catar tem desempenhado um papel crucial nas negociações entre Israel e o Hamas, um esforço reconhecido e incentivado pelos Estados Unidos. No entanto, este incidente pode dissuadir outros países da região de se envolverem em iniciativas de paz, conforme avalia Hasan Alhasan, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos: “Este é o tipo de risco que poucos países da região estarão dispostos a suportar em troca de um papel de mediação”.

A resposta dos Estados Unidos a este ataque será crucial para determinar o futuro das relações com seus aliados no Golfo e para garantir a continuidade dos esforços de mediação na região. A demonstração de impotência por parte dos EUA no Oriente Médio pode fortalecer a percepção, já existente, de que Israel tem a intenção de sabotar as negociações de paz.

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