Aumento da inadimplência no sistema financeiro atinge maior nível em três anos

Adriano Machado

Banco Central revela que taxa de inadimplência no Brasil subiu para 4% em outubro de 2023

A inadimplência do sistema financeiro nacional atinge 4%, o maior nível em três anos, segundo dados do Banco Central.

Aumento da inadimplência no sistema financeiro

A inadimplência no Sistema Financeiro Nacional (SFN) subiu para 4% em outubro de 2023, conforme os dados divulgados pelo Banco Central (BC) na manhã desta quarta-feira (26). Esta taxa considera os atrasos superiores a 90 dias e representa um aumento de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 0,8 ponto percentual em comparação com outubro de 2022.

Esta é a maior alta acumulada em um ano desde o início de 2022, quando o indicador também apresentou uma aceleração significativa devido ao início do aperto monetário, que levou a taxa Selic a dois dígitos. Em 2023, a variação anual da inadimplência teve um comportamento mais moderado, oscilando entre +0,20 e +0,30 ponto percentual, sem ultrapassar esses patamares em nenhum mês.

Comportamento da inadimplência nos últimos anos

Em 2024, as variações anuais da inadimplência foram predominantemente negativas, com valores entre -0,29 e -0,22 ponto percentual, encerrando o ano em -0,23 ponto percentual em dezembro. Contudo, o cenário mudou em 2025, onde os números começaram a apresentar aumento. Em janeiro, a inadimplência estava em -0,07 ponto percentual, mas rapidamente começou a subir nos meses seguintes:

  • Fevereiro: 0,00 p.p;
  • Março: +0,08 p.p;
  • Abril: +0,26 p.p;
  • Maio: +0,28 p.p;
  • Junho: +0,40 p.p;
  • Julho: +0,60 p.p;
  • Agosto: +0,74 p.p;
  • Setembro: +0,67 p.p;
  • Outubro: +0,83 p.p.

Inadimplência entre famílias e empresas

No crédito livre, a inadimplência se manteve em 5,3%, com um aumento significativo de 0,9 ponto percentual ao longo de 12 meses. Para as famílias, o indicador chegou a 6,7%, mantendo-se estável em relação ao mês anterior, mas apresentando um aumento de 1,3 ponto percentual em comparação ao ano passado. As empresas, por sua vez, viram a inadimplência do crédito livre subir para 3,3%.

Os dados mostram que as pessoas físicas concentram a maior parte do endividamento no SFN, com saldos totalizando R$ 4,3 trilhões para as famílias, em contraste com R$ 2,6 trilhões para as empresas. Isso indica que as famílias representam mais de 60% do crédito do sistema financeiro, refletindo um aumento no peso do consumo e no financiamento doméstico na estrutura da dívida.

Endividamento das famílias

O relatório também destaca um aumento no endividamento das famílias, que atingiu 49,1% em setembro, uma alta de 0,1 ponto percentual no mês e de 1,1 ponto percentual em 12 meses. O comprometimento de renda das famílias alcançou 28,8%, o maior nível já registrado na série histórica. O crédito destinado às famílias teve um crescimento total de 1,3% no mês, com alta de 11,3% em 12 meses, impulsionado por modalidades como cartão de crédito (+2,2%), crédito pessoal não consignado (+2,1%), consignado privado (+9,6%) e financiamento de veículos (+1,4%).

Taxas de juros e concessões de crédito

As taxas de juros para o crédito livre chegaram a 58,7% ao ano, refletindo o aumento no uso de modalidades mais caras, como o rotativo e cheque especial. Para as empresas, as taxas atingiram 25,2% ao ano. O saldo total do crédito direcionado alcançou R$ 3 trilhões, com um crescimento de 1,1% no mês. Para as famílias, essa carteira avançou 0,8% em outubro e 9,5% em 12 meses, enquanto as empresas registraram um aumento de 1,7% no mês e 17,5% em 12 meses.

As concessões de crédito totalizaram R$ 690,8 bilhões em outubro, com um aumento de 1,4% nas séries dessazonalizadas. Este resultado se deu por uma queda nas contratações com empresas (-0,8%) e um avanço nas operações com famílias (+2,1%). As concessões médias diárias caíram 5,4% no mês, refletindo um recuo de 10,9% nas operações com empresas e de 0,7% nas operações com pessoas físicas, em um mês que teve um dia útil a mais em comparação a setembro. A taxa média de juros das novas concessões subiu para 31,9% ao ano, enquanto o spread bancário chegou a 20,8 pontos percentuais, ambos com aumento mensal. O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de toda a carteira ativa, também aumentou, subindo para 23,6% ao ano.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

Fonte: Adriano Machado

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