Conflito se intensifica com o uso crescente de drones e bombardeios
Forças russas avançam na Ucrânia, ignorando apelos dos EUA por cessar-fogo, com intensificação dos ataques aéreos e uso de drones.
As forças russas ainda avançam em vários trechos da longa linha de frente na Ucrânia – apesar de mais um apelo do presidente dos EUA, Donald Trump, para o congelamento dos combates nessas regiões. Ambos os lados “devem parar onde estão”, disse Trump nas redes sociais na semana passada, após se reunir com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Washington, D.C.
Mas os russos parecem determinados a consolidar seus avanços antes do início do inverno. Há uma semana, na última sexta-feira (17), Moscou usou um recorde de 268 bombas aéreas guiadas, segundo o exército ucraniano, em comparação com uma média de 170 a 180 por dia nas últimas semanas. Essas bombas, que carregam uma carga útil de até 1.500 kg, têm como alvo principal as forças e a infraestrutura ucranianas próximas às linhas de frente.
Intensificação dos ataques aéreos e uso de drones
Os russos também continuaram a lançar bombardeios noturnos de drones e mísseis contra alvos em toda a Ucrânia, especialmente contra infraestrutura energética. Em setembro, uma média de mais de 180 drones foi lançada todas as noites, mais que o dobro do número registrado no início do ano. Nos últimos dias, os ucranianos reconheceram que cerca de 20% a 30% desses drones não estão sendo interceptados.
Na última semana, a Rússia utilizou mais de 3.270 drones de ataque, 1.370 bombas aéreas guiadas e quase 50 mísseis de vários tipos contra a Ucrânia, disse Zelensky no domingo (19). Para alguns analistas, o Kremlin não tem incentivo para fazer concessões, à medida que suas forças melhoram seu desempenho no campo de batalha.
A pressão sobre Kupiansk e Pokrovsk
Uma cidade onde os ucranianos estão sob crescente pressão é Kupiansk, na região norte de Kharkiv. Tropas russas avançaram para o norte e leste da cidade, que está ocupada há mais de um ano. Cerca de 80 soldados russos se infiltraram na cidade, reconheceram os militares ucranianos, e seus defensores estavam “fazendo todo o possível para livrar Kupiansk dos invasores russos”.
Em Donetsk, combates intensos continuam em torno de Pokrovsk, com um blogueiro militar russo afirmando que as tropas russas estão avançando para os arredores noroeste da cidade. O exército ucraniano afirmou ter recuperado cerca de 180 quilômetros quadrados de território na área de Pokrovsk nos últimos dois meses, em uma série de contra-ataques. Oleksandr Syrskyi, comandante-chefe das forças ucranianas, insistiu que os russos não tinham “a iniciativa estratégica”, e que, ao custo de enormes perdas, o adversário conseguiu apenas pequenos avanços em certos setores da frente.
Desafios no recrutamento e resistência ucraniana
Diante das perdas, o Ministério da Defesa russo parece estar mudando a forma como recruta pessoal adicional. Nas últimas semanas, as regiões russas começaram a reduzir os generosos bônus de contratação usados para atrair recrutas. O Kremlin tradicionalmente conta com incentivos financeiros, mas a prática “provavelmente está gerando retornos decrescentes”. A Rússia pode começar a mobilizar membros da reserva ativa russa de forma contínua para sustentar suas operações na Ucrânia.
Por sua vez, a Ucrânia aposta em ataques de longo alcance contra a infraestrutura energética russa para persuadir o Kremlin a aceitar negociações. Desde o início do ano, ataques bem-sucedidos foram realizados contra 45 instalações no setor de combustível e energia da Rússia, de acordo com Syrskyi. Apesar das baixas e dos danos à economia russa, o presidente russo, Vladimir Putin, não deu sinais de concordar com um cessar-fogo ou negociações com a Ucrânia.