Entenda os riscos que levaram à falência do Banco Master.
O Banco Master, que cresceu rapidamente, enfrentou riscos e liquidação. Entenda os fatores envolvidos.
O Banco Master, surgido em 2018 e conhecido pelo seu crescimento explosivo, passou a ser um case de alerta no sistema financeiro brasileiro. Multiplicando seu patrimônio em dez vezes e quintuplicando sua carteira de crédito, sua trajetória ascendente foi sustentada por captações agressivas de CDBs, oferecendo rendimentos atrativos que chegavam a 140% do CDI. Contudo, essa estratégia, apoiada pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), carrega riscos quando não há lastro sólido suficiente, como o próprio Banco Central logo percebeu.
O modelo de negócios do Banco Master
O crescimento acelerado do Banco Master se deveu a uma captação de recursos que, embora inicialmente lucrativa, tornou-se insustentável. A dependência de investimentos para financiar uma carteira composta majoritariamente por créditos de alto risco, como precatórios e direitos creditórios de ações judiciais, contrastava com a prática dos grandes bancos, que priorizam empréstimos convencionais.
Leandro Vilain, CEO da ABBC, destaca a importância de observar não apenas a relação entre captação e patrimônio, mas também a qualidade dos ativos em que esses recursos são aplicados. A alocação em ativos de difícil mensuração e em empresas em recuperação judicial elevou os riscos, culminando em uma operação sob crescente escrutínio do Banco Central.
A busca por soluções e a aquisição pelo BRB
Em meio à crise de liquidez, Daniel Vorcaro, fundador do Banco Master, buscou um comprador. O BRB, banco estatal em expansão, parecia ser a solução ideal. Em março de 2025, uma proposta de aquisição de 58% do capital do Master, estimada em R$ 2 bilhões, foi aprovada. No entanto, a operação levantou preocupações sobre a transparência da carteira de ativos do banco.
Apesar da aprovação do Cade, a negociação foi marcada por desconfiança. O FGC concedeu uma linha de crédito de R$ 4 bilhões ao Banco Master, mas as dificuldades não cessaram. Em setembro, o Banco Central vetou a aquisição, citando a falta de viabilidade econômica e os riscos associados à absorção de ativos problemáticos.
A falência e os desdobramentos legais
A situação se agravou com a prisão de Vorcaro em novembro, quando a holding Fictor apresentou uma proposta de capitalização que parecia ser a solução. Contudo, as investigações sobre um esquema fraudulento envolvendo a criação de títulos de crédito inexistentes se intensificaram. O Banco Master foi liquidado, e as suspeitas incluíram gestão fraudulenta e organização criminosa.
Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating, enfatiza que, apesar das perdas, o impacto no sistema bancário como um todo é limitado, visto que o Master não era considerado um banco de grande porte. As implicações da falência recaem principalmente sobre depositantes com valores elevados e algumas entidades que adquiriram letras financeiras.
O futuro do sistema financeiro
À medida que a discussão avança para o STF, o foco agora está na necessidade de ajustes regulatórios para evitar a repetição de casos semelhantes. A comunicação com investidores e a confiança excessiva nos mecanismos de proteção como o FGC estão entre os tópicos a serem abordados. O futuro do Banco Master e suas implicações no sistema financeiro permanecem incertos, mas a pressão por uma solução rápida é evidente, especialmente diante do risco de fuga de investimentos no Brasil.
Eduardo Silva, do Instituto Empresa, destaca que a lentidão do processo legal pode desencorajar investidores. A eficácia das ferramentas de reparação e a prevenção de danos são cruciais para restaurar a confiança no mercado financeiro brasileiro.
Fonte: www.moneytimes.com.br
Fonte: Banco Master