A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acendeu um novo foco de tensão no Congresso Nacional. Em resposta, a oposição iniciou uma obstrução dos trabalhos legislativos, ação que foi prontamente classificada como “chantagem” por líderes da base governista.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), foi enfático ao criticar a postura da oposição. “O que está acontecendo hoje aqui no Parlamento é inaceitável”, declarou o deputado, complementando que a obstrução representa “uma continuidade desse processo de golpe” e “mais um ataque às instituições”. Farias ainda classificou a ação como “uma chantagem contra o país”.

Lindbergh Farias revelou ter acionado o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tratar da crise. Segundo o petista, Motta manifestou “contrariedade” diante da obstrução, chegando a usar a palavra “sequestro” para descrever a situação. O clima de tensão se intensificou com a ocupação da mesa diretora da Câmara por parlamentares da oposição, que protestaram contra o que consideram “censura do Judiciário”.

Entre as ações de protesto, deputados aliados de Bolsonaro chegaram a ocupar a mesa da presidência da Câmara, no plenário, e utilizaram fitas na boca em alusão a uma suposta censura por parte do Judiciário. Farias acusou os deputados opositores de impedir que parlamentares da base governista pudessem discursar no plenário.

A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi motivada pelo descumprimento de medidas cautelares anteriormente impostas pelo ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente estava proibido de usar redes sociais, mas participou, via telefone, de uma manifestação no Rio de Janeiro, com a transmissão sendo republicada por seus filhos nas redes sociais. A decisão de Moraes gerou forte reação no meio político, acirrando ainda mais a polarização no Congresso.