Beirute Revive a Dor da Explosão no Porto Cinco Anos Depois, Marcada pela Impunidade

O Líbano marca nesta segunda-feira, 4 de agosto, o quinto aniversário da devastadora explosão no porto de.

O Líbano marca nesta segunda-feira, 4 de agosto, o quinto aniversário da devastadora explosão no porto de Beirute. A tragédia, que ceifou a vida de 235 pessoas, feriu mais de 7 mil e destruiu grande parte da capital, permanece viva na memória dos libaneses, assim como a sensação de impunidade.

A explosão, causada pela detonação de centenas de toneladas de nitrato de amônio armazenadas de forma inadequada, ocorreu em um momento crítico para o país, já assolado por protestos contra a corrupção e uma crise econômica agravada pela pandemia. O desastre não apenas devastou Beirute, mas também corroeu profundamente a confiança da população nas instituições.

Na véspera do aniversário, uma cerimônia organizada pela sociedade civil reuniu familiares das vítimas e representantes comunitários na avenida Charles Hélou, próxima ao porto. O ato, idealizado pelo ativista Wissam Diab, homenageou cada vítima com o plantio de uma oliveira, simbolizando a resiliência e a longevidade da memória.

“A oliveira aguenta todas as crises e vive de 300 a 400 anos. Quando nós, visitantes dessa vida, partirmos, essas oliveiras vão permanecer”, explicou Wissam Diab, ressaltando a importância de manter viva a lembrança das vítimas. Durante a cerimônia, a ausência de esperança em relação à responsabilização e indenização por parte do Estado era palpável entre os familiares.

O primeiro-ministro Nawaf Salam, presente no evento, afirmou que o Estado libanês “não abrirá mão da justiça ou da verdade” no caso. Em um gesto simbólico, parte da avenida foi renomeada “Rua das Vítimas de 4 de Agosto”, visando preservar a memória coletiva da tragédia. No entanto, a desconfiança popular nas instituições permanece alta.

A complexa divisão sectária do Líbano, com 18 seitas oficialmente reconhecidas, tem sido um obstáculo para a justiça. A explosão, que afetou vítimas de diferentes comunidades, uniu o país em um luto que transcendeu identidades religiosas, mas as tensões sectárias logo ressurgiram.

A investigação sobre a explosão, que envolve figuras de diversos grupos políticos e religiosos, tem sido marcada por bloqueios políticos e judiciais. A retomada da investigação em janeiro de 2025, com a promessa de combater a impunidade, ainda não resultou em acusações formais, alimentando a descrença popular.

O aniversário da explosão ocorre em um momento delicado, com o Hezbollah enfraquecido por ataques israelenses e sob pressão interna e externa para se desarmar. A busca por justiça e a superação das divisões sectárias continuam sendo desafios cruciais para o futuro do Líbano.

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