Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, afirmou que a minuta de pedido de asilo político à Argentina encontrada no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi enviada por terceiros. A declaração foi feita durante evento do Esfera Brasil em São Paulo. Valdemar não revelou a identidade de quem enviou o documento ao ex-presidente.
Segundo Valdemar, Bolsonaro nunca cogitou buscar asilo na Argentina, e que, caso decidisse ir para o país vizinho, não precisaria de tal formalidade, dada a relação com o presidente Javier Milei.
Um relatório da Polícia Federal (PF) indica que o documento, um pedido formal de asilo ao governo argentino, foi salvo no celular de Bolsonaro em fevereiro de 2024, após uma operação da PF em Angra dos Reis (RJ). No texto, Bolsonaro alega ser vítima de “perseguição política” e cita medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante o evento, Valdemar comparou Bolsonaro a Che Guevara, ressaltando o carisma do ex-presidente e argumentando que a situação configura perseguição política.
A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, em relação à suposta tentativa de golpe de Estado entre 2022 e 2023. As acusações têm como foco a Ação Penal nº 2.668, em trâmite no STF. A PF alega que ambos atuaram para interferir no processo e coagir autoridades.
O indiciamento ocorre em meio a um cenário de pressão política e diplomática, incluindo sanções de autoridades brasileiras pelo governo dos Estados Unidos.
De acordo com o relatório da PF, documentos e mensagens encontrados no celular de Bolsonaro indicam um planejamento para evitar a aplicação da lei penal, incluindo a preparação do pedido de asilo na Argentina. O indiciamento também cita áudios e conversas apagadas do telefone do ex-presidente, que reforçam a tese de articulação para intimidar autoridades e favorecer interesses próprios.
Durante o evento, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, destacou a influência de Bolsonaro na política nacional. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado para a disputa presidencial, evitou mencionar Bolsonaro diretamente.
Com a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o STF avaliará os próximos procedimentos relacionados ao indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro.