Em meio a discussões sobre a possível anistia de envolvidos em manifestações políticas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou a aliados que aprova a medida, desde que ela não contemple a reversão de sua própria inelegibilidade. A informação, obtida com exclusividade, foi transmitida ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), por interlocutores do ex-presidente durante uma reunião nesta quarta-feira.
Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar, fez questão de reiterar seu interesse na anistia penal, buscando uma solução para as acusações que enfrenta. No entanto, a questão da inelegibilidade permanece um ponto crítico em suas negociações. Segundo fontes próximas, Bolsonaro deposita esperanças em uma possível revisão de sua situação por parte dos ministros do STF, André Mendonça ou Nunes Marques, ambos indicados por ele.
Diante da sinalização de Bolsonaro, Hugo Motta demonstrou concordância, mas impôs uma condição estratégica: a proposta de anistia deve ser apresentada por um parlamentar do Republicanos, visando a ampliar o apoio e evitar a polarização associada ao PL. “Motta bateu o pé”, segundo relatos, enfatizando a necessidade de um autor com viés de direita para o projeto.
O texto escolhido para ser pautado é de autoria de Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio de Janeiro, e foi apresentado em 2023. A proposta anistia participantes de manifestações desde o segundo turno das eleições de 2022, com exceção de Bolsonaro e outros sete condenados por envolvimento em tentativas de golpe.
A Câmara dos Deputados já iniciou o processo de votação da urgência do Projeto de Lei da Anistia, com líderes reunidos para definir o texto final. A aprovação da urgência permitirá que o projeto seja levado diretamente ao plenário, acelerando a tramitação e a possível aprovação da medida.