Estudo revela que a Polyommatus atlantica possui 229 pares

Estudo revela que a borboleta Polyommatus atlantica possui 229 pares de cromossomos, o maior número entre animais multicelulares.
Um novo estudo publicado na revista científica Current Biology nessa quarta-feira (10/9) confirmou que a borboleta Polyommatus atlantica — conhecida como “Atlas blue” — possui 229 pares de cromossomos, o maior número já documentado entre animais multicelulares. Originária das cadeias montanhosas do Norte da África, incluindo Marrocos e nordeste da Argélia, a espécie apresenta um genoma com estrutura extraordinária.
Aumento de cromossomos ao longo do tempo
Enquanto muitas borboletas de sua linhagem possuem cerca de 24 pares ancestrais de cromossomos, a P. atlantica aumentou esse número por meio de dezenas, até centenas, de eventos de fragmentação cromossômica — não de duplicação. Esses eventos afetaram principalmente os autossomos, deixando os cromossomos sexuais relativamente preservados. Os pesquisadores estimam que essas fragmentações ocorreram ao longo de aproximadamente três milhões de anos, partindo de um genoma ancestral de cerca de 24 cromossomos para os atuais 229 pares.
Implicações para a biomedicina
Embora mudanças no número de cromossomos frequentemente sejam consideradas prejudiciais à estabilidade dos organismos, a P. atlantica mostra que movimentos extremos de reorganização cromossômica podem persistir sem inviabilizar a espécie, mantendo viabilidade ao longo de milhões de anos. Além de acrescentar ao entendimento da evolução cromossômica, o estudo tem implicações potenciais para pesquisas biomédicas: mecanismos de reorganização cromossômica semelhantes ocorrem em células cancerígenas. Compreender como a borboleta tolerou uma fragmentação tão intensa pode oferecer pistas sobre estabilidade do genoma em outros contextos.