Brasil pode ganhar R$ 94,8 bilhões anuais com práticas sustentáveis

Estudo da FGV aponta benefícios econômicos e ambientais

Estudo revela que implementação de tecnologias sustentáveis no agro poderá gerar bilhões ao PIB brasileiro até 2030.

Em 2030, o PIB do Brasil poderá ser incrementado em até R$ 94,8 bilhões com a adoção de tecnologias agropecuárias sustentáveis, conforme estimativa do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV). Essa análise considera a implementação de biocombustíveis, bioinsumos, sistemas de plantio direto e terminação intensiva de gado, que também contribuem para a redução das emissões de gases do efeito estufa.

Impactos econômicos e ambientais

Cícero Lima, pesquisador da FGV, ressalta que essas tecnologias não apenas mitigam a emissão de carbono, mas também têm um impacto positivo na economia. O plano ABC+ do Ministério da Agricultura, que visa financiar práticas de baixa emissão de carbono, carece de quantificações sobre os ganhos econômicos, e o estudo da FGV pode servir como base para direcionar mais recursos a esse programa.

“A implementação de políticas públicas pode facilitar a adoção dessas práticas por parte dos produtores”, afirmou Guilherme Bastos, coordenador do Centro de Bioeconomia da FGV. Ele destacou que, caso haja um aumento nos custos para adotar as melhores práticas, as políticas devem tornar as tecnologias mais acessíveis.

Oportunidades de investimento

Eduardo Bastos, CEO do Instituto Equilíbrio, enfatiza a importância de discutir esses dados durante a COP30 em Belém, visando a construção do próximo Plano Safra. Ele argumenta que os investimentos em práticas sustentáveis resultariam não apenas em benefícios econômicos, mas também ambientais e sociais.

A análise indica que, sozinhos, os biocombustíveis podem gerar R$ 71,4 bilhões adicionais ao ano. A adoção de bioinsumos pode acrescentar R$ 15,2 bilhões ao PIB, enquanto a ampliação do plantio direto e a intensificação da terminação bovina podem contribuir com R$ 4,7 bilhões e R$ 3,5 bilhões, respectivamente.

Criação de empregos e redução de emissões

Além dos ganhos econômicos, a adoção em larga escala dessas tecnologias pode resultar na criação de mais de 700 mil empregos diretos até 2030. O Sistema de Plantio Direto (SPD) pode ser expandido de 10,8 milhões para 34,1 milhões de hectares, reduzindo as emissões de CO₂ em 7,4 milhões de toneladas entre 2025 e 2030. Na pecuária, a terminação intensiva poderia aumentar o número de animais em manejo intensivo de 8 milhões para 13,5 milhões, reduzindo as emissões em 19,3 MtCO₂.

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