Bukele pode ser convidado para CPI do Crime Organizado

Alex Peña/Getty Images

Senador propõe participação do presidente salvadorenho em videoconferência

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, poderá ser convidado a participar da CPI do Crime Organizado no Senado, proposta pelo senador Magno Malta.

Em 06 de novembro de 2025, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, poderá ser convidado a participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, no Senado. O requerimento foi apresentado pelo senador Magno Malta (PL-ES), que também propôs uma diligência oficial a El Salvador para conhecer, in loco, as políticas de segurança pública adotadas pelo governo salvadorenho. Os pedidos ainda precisam ser votados pela comissão, mas o gesto é simbólico, reforçando a influência crescente de Bukele no discurso da direita brasileira sobre segurança pública.
Caso o convite seja aprovado, a Comissão deve encaminhar o convite por meio da Presidência do Senado Federal, que o remete ao Ministério das Relações Exteriores, responsável por fazer a interlocução diplomática com o governo de El Salvador. A ideia inicial é que a reunião seja realizada por meio de videoconferência.
Bukele se tornou um ícone internacional do endurecimento contra grupos criminosos após decretar estado de exceção e prender cerca de 80 mil pessoas em El Salvador desde 2022, sob a justificativa de combater facções locais. O modelo, elogiado por líderes conservadores e criticado por organismos de direitos humanos, é visto por setores da direita brasileira como exemplo de “tolerância zero” com o crime.
Segundo Malta, o comparecimento de Bukele na comissão pode servir para que ele compartilhe “ações, estratégias e resultados obtidos pelo governo salvadorenho no enfrentamento às organizações criminosas naquele país”. Além do convite direto a Bukele, Magno Malta também sugeriu uma diligência externa em El Salvador com o objetivo de conhecer as medidas de segurança pública adotadas pelo país.
“Os resultados alcançados pelo país em termos de pacificação social e redução drástica dos índices de criminalidade despertam interesse legítimo do Parlamento brasileiro, sobretudo diante da gravidade da atuação de facções no território nacional e dos desafios enfrentados pelas forças de segurança pública”, concluiu.
As citações ao salvadorenho ganharam novo fôlego no Brasil depois da megaoperação policial no Rio de Janeiro, na semana passada, que resultou em 121 mortes. Um deles foi Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal autoexilado nos Estados Unidos, que defendeu, em entrevista ao Metrópoles, o que chamou de “plano de controle territorial” e a decretação de um estado de exceção.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também já vocalizou apoio à política do presidente salvadorenho. Em maio deste ano, durante audiência pública na Câmara dos Deputados com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a PEC da Segurança, Nikolas disse que seria preciso “bukelizar” o Brasil.
Ao mesmo tempo, em entrevista do portal Breeza, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), afirmou que o que ocorreu no Rio de Janeiro pode ser chamado de “bukelização” da política. “Na minha avaliação, esse vai ser o movimento prioritário trabalhado agora pela extrema direita. E quando isso acontece, se amplificam as perdas físicas, se amplia a quantidade de mortes e se amplia o processo de criminalização de todos aqueles e aquelas que defendem uma alternativa que não seja essa, a da chamada Guerra às Drogas”, afirmou.

PUBLICIDADE

[quads id=1]

Relacionadas: