As exportações de café do Brasil para os Estados Unidos registraram uma queda de 18% entre janeiro e julho deste ano, totalizando 3,7 milhões de sacas. A redução ocorre em comparação com o mesmo período de 2024, que apresentou volumes recordes de exportação para diversos mercados, impactando os estoques nacionais.
A diminuição ainda não reflete o impacto total da tarifa de 50% imposta pelo governo americano, que entrou em vigor em agosto. Em abril, já havia sido aplicada uma sobretaxa de 10% aos produtos brasileiros, seguida de uma tarifa adicional de 40% sobre diversas mercadorias, incluindo o café.
Segundo Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, a indústria americana adota uma postura de espera, com estoques que garantem um período de 30 a 60 dias, aguardando o desenrolar das negociações. Ele expressa preocupação com eventuais pedidos de prorrogação, que podem prejudicar o setor.
Ferreira explica que a prorrogação de negócios afeta os financiamentos pré-embarque (ACC), contratados por exportadores junto a bancos. O não cumprimento do ACC acarreta em aumento de juros, taxas e custos adicionais.
Apesar da queda, os EUA seguem sendo o maior mercado para o café brasileiro, representando 16,8% do total exportado entre janeiro e julho. A associação de exportadores busca, em conjunto com o governo brasileiro e o setor privado americano, a isenção do café brasileiro das tarifas.
A entidade também mantém diálogo com os governos estaduais e federal para implementar medidas compensatórias ao setor.
Neste mês, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem café para o país. Contudo, o presidente do Cecafé avalia que muitos desses exportadores já atuavam no mercado chinês, o que indica que a medida não necessariamente acarretará um aumento significativo nas exportações para o país asiático. O mercado chinês importou 571.866 sacas entre janeiro e julho, ocupando a 11ª posição no ranking dos principais parceiros do Brasil. O credenciamento é visto como positivo do ponto de vista de desburocratização, mas, isoladamente, não representa um aumento nas exportações para a China.