Mudanças climáticas aumentam em até 10% o risco de tempestades severas
Cientistas alertam que o calor dos oceanos está diretamente ligado ao aumento da intensidade de furacões e tufões, resultando em um risco elevado de tempestades severas. O fenômeno, que ocorre devido às mudanças climáticas, mostra que os oceanos absorveram cerca de 90% do calor extra gerado pelas emissões de gases de efeito estufa nos últimos 40 anos. Esse acúmulo de energia térmica, retido principalmente na superfície, intensifica as tempestades e os ventos, aumentando o potencial destrutivo ao atingir áreas costeiras.
Além disso, há evidências robustas de que a crise climática contribui para que as tempestades se movam de forma mais lenta. Um deslocamento mais vagaroso significa que os furacões podem despejar um volume muito maior de chuva em uma única região, multiplicando os riscos de inundações catastróficas e deslizamentos de terra. A capacidade da atmosfera em reter mais umidade, devido ao aquecimento global, resulta em chuvas extremamente intensas, aumentando o impacto das tempestades.
Efeitos das mudanças climáticas sobre as tempestades
Pesquisas recentes corroboram a ligação entre o aumento da temperatura do planeta e a intensificação dos fenômenos climáticos. Um estudo de 2022, por exemplo, revelou que, durante a temporada recorde de furacões no Atlântico em 2020, as taxas de precipitação horária em tempestades de furacão aumentaram entre 8% e 11% em decorrência das mudanças climáticas. Análises posteriores, com base na temporada de furacões de 2024, indicaram que a influência humana elevou a velocidade máxima dos ventos de cada furacão entre 14 e 45 km/h, exemplificando a diferença entre danos graves e desastres de grandes proporções para comunidades vulneráveis.
Essa tendência de ventos mais velozes e danos agravados não é apenas uma projeção teórica, mas uma realidade em curso. O mundo já ultrapassou 1,1 °C de aquecimento acima dos níveis pré-industriais, e as projeções da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) sugerem que, se o aquecimento global atingir 2 °C, a velocidade dos ventos sustentados de furacões poderá aumentar em até 10%.
Aumento na frequência de tempestades severas
A elevação da temperatura média global não só afeta a velocidade dos ventos e o volume de chuvas, mas também a frequência de tempestades que atingem as categorias mais altas da Escala Saffir-Simpson. A NOAA projeta que a proporção de furacões que alcançam as categorias 4 ou 5 poderá crescer em cerca de 10% ao longo deste século. Historicamente, menos de um quinto das tempestades registradas desde 1851 atingiu tal intensidade.
A intensificação rápida, um fenômeno em que a velocidade dos ventos de uma tempestade tropical aumenta em mais de 55 km/h em apenas 24 horas, está se tornando uma ocorrência mais comum. Isso significa que as áreas afetadas têm menos tempo para se preparar para o impacto, tornando a resposta e a recuperação mais desafiadoras.
Alterações no ciclo e geografia das tempestades
As mudanças climáticas também estão alterando o ciclo habitual das tempestades tropicais. A temporada tradicional de furacões está se estendendo, criando condições propícias para a formação de ciclones em mais meses do ano. No Atlântico, as primeiras tempestades nomeadas a atingir a costa dos Estados Unidos já ocorrem mais de três semanas antes do que no início do século passado, antecipando o início da temporada para maio.
Além disso, furacões e tufões estão atingindo regiões fora da norma histórica, deslocando o risco para latitudes médias. Isso é particularmente preocupante para grandes centros urbanos, como Tóquio, Pequim, Nova York e Boston, cujas infraestruturas não foram projetadas para suportar a força e o volume de chuvas de tempestades de alta intensidade. O furacão Sandy, que atingiu a costa nordeste dos Estados Unidos em 2012, ilustrou bem esse risco, causando prejuízos multibilionários mesmo sendo classificado como categoria 1.
Conclusão
As grandes tempestades, embora recebam nomes diferentes (furacão no Atlântico, tufão no Pacífico Noroeste e ciclone em outras regiões), dependem dos mesmos ingredientes fundamentais para se formarem: água quente do oceano e ar úmido. O calor do mar, ao evaporar, transfere energia térmica para a atmosfera, funcionando como o combustível que alimenta os ventos da tempestade e possibilita seu fortalecimento. A nomenclatura dessas tempestades giratórias varia conforme a área geográfica em que se manifestam, mas os desafios que elas trazem são universais e crescentes.
Fonte: www.mixvale.com.br
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