Pesquisa aponta que crustáceos têm capacidade de sentir sensações e dor durante o cozimento
Estudo revela que camarões e lagostas sentem dor ao serem cozidos vivos, colocando em questão práticas gastronômicas.
Camarões e lagostas sentem dor ao serem cozidos vivos
Um estudo recente revelou que camarões e lagostas podem sentir dor durante o cozimento, desafiando práticas gastronômicas tradicionais que envolvem o preparo desses crustáceos vivos. A pesquisa, divulgada em 1º de dezembro, foi liderada pela Alianima, uma organização brasileira dedicada à proteção animal, e contou com a assinatura de 35 especialistas da área.
De acordo com o documento, que se intitula Declaração de Senciência em Crustáceos, estima-se que entre 7,6 e 76 trilhões de camarões são abatidos anualmente na pesca comercial. Este número impressionante destaca a necessidade de reconhecer a capacidade de sofrimento desses animais, que frequentemente não recebem o mesmo cuidado dispensado a outros seres vivos, como os vertebrados.
A falta de empatia e a percepção da dor
A ausência de vocalizações perceptíveis e expressões faciais nos crustáceos pode contribuir para a falta de empatia humana em relação a eles. Ao não apresentar sinais evidentes de dor, muitas vezes considerados ‘não-sencientes’, esses animais acabam sendo tratados como meros ingredientes na culinária.
Contudo, estudos recentes demonstram que os crustáceos possuem habilidades cognitivas notáveis, como a capacidade de diferenciar entre objetos e cores, reconhecer outros indivíduos e até mesmo desenvolver personalidades distintas. Essa nova compreensão sobre a vida dos crustáceos é um passo importante para a reavaliação do tratamento que recebem.
A importância da Declaração de Senciência
A Declaração de Senciência em Crustáceos visa estabelecer políticas públicas e práticas mais humanas no manejo desses animais. Os pesquisadores ressaltam que um tratamento adequado não só melhora o bem-estar dos crustáceos, como também pode contribuir para a qualidade do produto final, trazendo benefícios econômicos para a indústria pesqueira e a sociedade.
A declaração é fundamental para a construção de uma legislação mais abrangente, que considere o sofrimento de todos os seres vivos, e não apenas dos vertebrados. A pressão para a adoção de práticas mais éticas está crescendo, à medida que mais evidências científicas são apresentadas sobre a capacidade de sofrimento dos crustáceos.
Reflexões sobre práticas gastronômicas
A discussão sobre a ética no uso gastronômico de crustáceos não é nova, mas ganhou novos contornos com a publicação dessa pesquisa. A consciência de que camarões e lagostas podem sentir dor deve levar a uma reflexão mais profunda sobre nossos hábitos alimentares e as práticas da indústria pesqueira.
Promover um manejo mais humanitário e responsável pode ser um passo significativo para alinhar a gastronomia moderna com a ética e a ciência. Afinal, cuidar da vida marinha é também cuidar do nosso próprio bem-estar, garantindo um futuro sustentável e mais justo para todos os seres vivos.
As informações apresentadas neste estudo são um convite para que chefs, consumidores e legisladores repensem suas opções e abordagens em relação aos crustáceos, assegurando que empatia e respeito façam parte de todas as interações com o meio ambiente.
Fonte: www.metropoles.com
Fonte: Ippei Naoi/Getty Images


