Medidas visam estimular a construção de um novo oleoduto e fortalecer a economia nacional
O primeiro-ministro canadense anunciou a flexibilização de regras climáticas para fomentar investimentos no setor energético.
Canadá flexibiliza regras climáticas para fortalecer o setor energético
Em uma movimentação significativa, o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, anunciou na última quinta-feira um acordo com o premier de Alberta que visa reduzir certas regras climáticas com o objetivo de estimular investimentos na produção de energia. Esta iniciativa inclui a construção de um novo oleoduto para a costa oeste do país, um passo que pode alterar o cenário energético nacional.
O acordo resultou na decisão do governo federal de eliminar um teto de emissões previamente planejado para o setor de petróleo e gás, além de revogar regras relacionadas à eletricidade limpa. Em troca, Alberta se comprometeu a fortalecer a precificação do carbono em suas indústrias e a apoiar um projeto de captura e armazenamento de carbono, conhecido como Pathways Plus, que se propõe a ser o maior do mundo nesse segmento.
Impactos da nova política no setor energético
Carney espera que a revitalização do setor energético ajude a economia canadense a enfrentar a incerteza econômica, especialmente em função das tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Atualmente, cerca de 90% das exportações de petróleo do Canadá são destinadas ao mercado americano, o que torna a diversificação uma prioridade para o governo.
Além de relaxar as restrições ambientais implementadas por seu antecessor, Justin Trudeau, Carney reafirmou seu compromisso com as metas de emissões líquidas zero até 2050. Essa nova abordagem, no entanto, tem gerado controvérsias, especialmente entre grupos ambientalistas e comunidades indígenas.
Oposição e desafios à construção de oleodutos
Alberta está explorando a viabilidade de um novo oleoduto para a costa noroeste da British Columbia, com o objetivo de aumentar as exportações para a Ásia. Contudo, até o momento, nenhuma empresa do setor privado se comprometeu a construir o novo oleoduto, citando a necessidade de mudanças legislativas significativas, como a remoção do teto federal sobre as emissões do setor de petróleo e gás e o fim da proibição de petroleiros na costa norte da British Columbia.
O acordo assinado na quinta-feira inclui um compromisso do governo federal em ajustar a Lei de Moratória sobre Petroleiros, facilitando assim as exportações de petróleo para a Ásia. Entretanto, o premier da British Columbia, David Eby, que se opõe à construção de um novo oleoduto através de sua província, defende que a legislação atual deve ser mantida.
A resposta da comunidade e as perspectivas futuras
Além disso, uma coalizão de grupos indígenas na British Columbia manifestou a sua oposição ao projeto, afirmando que não permitirá a passagem de petroleiros na costa noroeste. A comunidade enfatizou que o projeto do oleoduto “nunca acontecerá”.
Atualmente, o oleoduto Trans Mountain, que conecta Alberta à costa da British Columbia e é de propriedade do governo canadense, é a única opção para o transporte direto do petróleo canadense aos mercados asiáticos. Recentemente, este oleoduto triplicou sua capacidade após uma expansão de 34 bilhões de dólares canadenses. O governo federal e Alberta também estão programando concluir um acordo sobre precificação do carbono industrial até 1º de abril do próximo ano.
Além disso, o governo federal se comprometeu a ajudar Alberta na construção e operação de usinas nucleares, no fortalecimento da rede elétrica para alimentar centros de dados de inteligência artificial e na construção de linhas de transmissão para províncias vizinhas.