Decisão da China representa um revés para os planos de preservação ambiental do governo Lula
China não integra fundo florestal do Brasil, impactando a COP30 e os planos ambientais do governo Lula.
A China decidiu não integrar o Tropical Forest Forever Facility (TFFF), o fundo global de preservação florestal apresentado pelo governo brasileiro como sua principal iniciativa durante a COP30, realizada em Belém. Essa decisão representa um revés significativo para os planos de diplomacia ambiental do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Anunciado durante a conferência do clima da ONU, o fundo já conta com compromissos de investimento que somam US$ 5,5 bilhões, com contribuições confirmadas de Noruega, França e Indonésia. A Alemanha também manifestou interesse, prometendo uma contribuição substancial, mas o volume total ainda está abaixo da meta revisada de US$ 25 bilhões, estipulada pelo governo antes do início do evento. A expectativa era que, com alavancagens, o fundo pudesse chegar a US$ 125 bilhões.
Na semana anterior, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o fundo poderia alcançar US$ 10 bilhões até o próximo ano, mas a recusa da China complica essa perspectiva.
Reação da China e implicações
Segundo fontes próximas às negociações, autoridades chinesas argumentam que o financiamento dos esforços de conservação deve ser responsabilidade dos países desenvolvidos. Brasil e Indonésia foram os primeiros a apoiar formalmente a iniciativa, mas a falta de adesão da China levanta preocupações sobre a viabilidade do fundo. Os ministérios chineses do Meio Ambiente e das Finanças não se pronunciaram sobre a decisão, e a delegação da China na COP30 também não respondeu às solicitações de comentários.
O modelo do TFFF prevê que os recursos captados sejam aplicados em ativos financeiros de alto rendimento, com parte dos lucros direcionada para remunerar investidores e o restante utilizado para repasses anuais de US$ 4 por hectare de floresta protegida aos países participantes.
Situação atual do fundo e negociações
Até o momento, nenhum banco multilateral de desenvolvimento anunciou sua adesão ao fundo. As tratativas com a Índia estão estagnadas, enquanto Japão e Reino Unido ainda não formalizaram compromissos. O Brasil aguarda também definições da Holanda e do Canadá, com sinalizações esperadas apenas para 2026. A situação permanece crítica, e a COP30 segue até quinta-feira (21).
Na última terça-feira (11), o Banco Europeu de Investimento anunciou que mantém conversas com a Comissão Europeia sobre um possível apoio, enquanto também revelou um aporte de € 50 milhões (US$ 58 milhões) para um fundo de reflorestamento operado pela gestora Ardian, que não está diretamente relacionado ao TFFF.
Pressão da sociedade civil
Organizações da sociedade civil estão intensificando a pressão por novos aportes. Treze ONGs da Alemanha enviaram uma carta aberta ao chanceler Friedrich Merz, solicitando um investimento de US$ 2,5 bilhões por parte do país. A promessa da Noruega, de US$ 3 bilhões distribuídos em dez anos, também está condicionada à adesão de outros doadores relevantes.
O documento das ONGs enfatiza a importância de especificar o valor anunciado durante a conferência do clima em Belém, o que garantiria à Alemanha uma influência maior no conselho do fundo e evitaria a expiração dos recursos noruegueses.
No setor privado, a Fundação Minderoo, do bilionário australiano Andrew Forrest, confirmou sua adesão com um aporte de US$ 10 milhões. Forrest destacou que não se trata apenas de compensação de carbono, mas de ajudar a salvar as florestas tropicais do mundo.
O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão da China e as dificuldades enfrentadas na captação de novos investimentos. A COP30 segue em andamento, e as negociações permanecem intensas.
Fonte: www.conexaopolitica.com.br
Fonte: Joshua Fertuio