Expectativas de aquisição de 12 milhões de toneladas ainda não se concretizaram, aumentando a preocupação entre agricultores americanos
Apesar do acordo, China ainda não comprou a quantidade de soja dos EUA prometida por Trump, gerando preocupação entre os agricultores.
Promessas não cumpridas na compra de soja dos EUA
Com apenas um mês e meio até o final do ano, a China ainda não aumentou as compras de soja dos Estados Unidos conforme o acordo comercial firmado com o presidente Donald Trump. Após a reunião entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping em uma cúpula econômica na Coreia do Sul, a Casa Branca anunciou que Pequim se comprometeu a adquirir pelo menos 12 milhões de toneladas de soja americana durante os dois últimos meses de 2025 e 25 milhões de toneladas anualmente em 2026, 2027 e 2028.
A falta de pedidos de soja dos EUA nesta temporada de colheita, em meio à guerra comercial com Trump, gerou uma onda de pânico entre os agricultores, que contavam com a China como seu maior mercado de exportação. Com isso, a China recorreu ao Brasil e Argentina, que oferecem soja a preços mais baixos, isentos das tarifas retaliatórias impostas.
Aumento da oferta de soja sul-americana
De acordo com Arlan Suderman, economista-chefe de commodities da StoneX, os dados mais recentes da China não oferecem evidências de que haverá um aumento substancial nas compras para atender ao compromisso de 12 milhões de toneladas até o final de 2025. Suderman destacou que os processadores de soja da China já adquiriram cerca de 40 milhões de toneladas da América do Sul nesta temporada e não têm incentivo financeiro para comprar mais soja dos EUA.
As compras teriam que ser realizadas por compradores estatais para os reservas da China, mas há pouca indicação de que isso esteja a caminho. A superabundância de soja sul-americana fez com que os preços caíssem mais de 20% em relação ao pico de abril em regiões costeiras-chave da China, segundo dados da Mysteel citados pela Reuters.
Apesar do excesso de oferta, importadores privados continuam a reservar remessas de soja do Brasil para o próximo mês, de acordo com informações de traders. A falta de conformidade com os termos do acordo pode reacender a guerra comercial entre os EUA e a China, que já viu Trump ameaçar impor tarifas adicionais de 100% sobre a China em resposta a controles de exportação rigorosos sobre terras raras.
Expectativas do governo americano
Uma fonte do governo dos EUA afirmou que a administração espera que os parceiros comerciais cumpram seus compromissos de acordo. “O presidente se reserva o direito de ajustar as tarifas, controles de exportação e outras concessões para responsabilizar nossos parceiros comerciais”, disse um oficial.
Ainda segundo Suderman, a China parece estar cumprindo outras partes do acordo comercial, como a limitação das exportações de componentes usados na produção de fentanil. Essas restrições abriram caminho para Trump reduzir a tarifa relacionada ao fentanil de 20% para 10%. Beijing sugeriu que a remoção da tarifa restante de 10% é necessária para reverter sua própria taxa retaliatória sobre commodities agrícolas dos EUA.
Desafios para a soja americana
Entretanto, o tempo está se esgotando para a remoção dessa tarifa de 10% ter impacto significativo nas compras de soja dos EUA, uma vez que as novas remessas de soja brasileira já estão agendadas para chegar aos portos chineses em fevereiro. Embora a porta ainda não tenha se fechado totalmente para a soja americana, estamos nos aproximando rapidamente desse ponto.
Em resumo, a situação da soja americana em relação à China continua incerta, e os agricultores devem se preparar para um futuro desafiador, enquanto as relações comerciais entre as duas nações permanecem tensas.
Fonte: fortune.com
Fonte: Getty Images