Cidadania dupla: o novo refúgio para americanos sob Trump

Courtesy Hollis Rutledge

Análise do crescente interesse por cidadanias por descendência nos EUA.

Americanos buscam cidadania dupla como resposta à instabilidade política e social sob o governo Trump.

Em um cenário marcado por incertezas políticas e sociais, a busca por cidadania dupla tem se intensificado entre os americanos. Essa mudança de mentalidade reflete uma necessidade urgente de garantir direitos e oportunidades, especialmente em um momento em que muitos sentem que a segurança e a liberdade nos Estados Unidos estão em risco.

O contexto histórico e atual

Historicamente, a ideia de cidadania dupla era vista com desconfiança nos Estados Unidos. Considerada um sinal de deslealdade, essa prática começou a mudar nas últimas décadas. Com o aumento da instabilidade política, especialmente sob a administração de Donald Trump, cidadãos americanos de diversas origens começaram a reavaliar suas opções. Para muitos, a cidadania dupla não é apenas uma questão de identidade, mas uma estratégia de sobrevivência.

Daniel Kamalić, um tenor profissional de Nova Iorque, exemplifica essa transformação. Ele se preocupa com as implicações do governo Trump para as artes e a cultura, levando-o a buscar a cidadania croata, uma herança de seu pai. Kamalić afirma que, ao observar a crescente onda de antisemitismo e as dificuldades enfrentadas por imigrantes, a ideia de se tornar um refugiado político se tornou uma possibilidade real.

A mudança na percepção da cidadania

O crescente interesse pela cidadania dupla é impulsionado por uma série de fatores. Muitos americanos estão cada vez mais cientes de que a proteção de direitos, como os de LGBTQ+ e direitos reprodutivos, não é garantida. Hollis Rutledge, que obteve a cidadania mexicana através de sua mãe, destaca como a deterioração das condições de vida e a crescente desigualdade econômica o levaram a buscar alternativas fora dos EUA.

A ideia de ter um “plano B” está se tornando comum entre jovens americanos, especialmente entre as gerações mais novas. Um estudo da Harris Poll revelou que 66% dos jovens da geração Z e millennials consideram a cidadania dupla como uma forma de garantir liberdade de movimento e oportunidades econômicas.

Zumbido de mudança

Kyla Shannon, uma adolescente que obteve a cidadania alemã por meio de sua bisavó judia, reflete sobre como essa nova conexão com suas raízes pode abrir portas para um futuro diferente. “É uma maneira de desafiar a narrativa de que a América é o único lugar onde você pode ter sucesso”, diz ela. Essa mudança de perspectiva está se espalhando entre seus colegas, que também veem a cidadania dupla como uma alternativa viável.

Mariam Diop, uma jovem de 24 anos buscando cidadania senegalesa, expressa a frustração de sua geração com o sistema americano. Para ela, a ideia de se mudar para a África Ocidental não representa um retrocesso, mas uma oportunidade de utilizar sua educação para contribuir para o futuro da região.

Um futuro incerto

Embora a busca pela cidadania dupla ofereça um caminho para muitos, também levanta questões profundas sobre identidade e pertencimento. A história de cada indivíduo é entrelaçada com as experiências de seus antepassados, e a busca por cidadania em outro país pode ser vista como uma forma de reescrever essas narrativas.

A cidadania dupla, que antes era um tabu nos Estados Unidos, agora é uma aspiração para muitos. Com um aumento de 500% nas aplicações de cidadania por descendência desde 2023, fica claro que essa nova mentalidade está moldando o futuro de muitos americanos que buscam alternativas em tempos de incerteza.

Fonte: www.theguardian.com

Fonte: Courtesy Hollis Rutledge

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