Cientistas criam óvulos a partir de células da pele

Avanço na fertilização pode mudar tratamentos de infertilidade

Pesquisadores mostraram que núcleos de células da pele podem ser transformados em óvulos viáveis.

Na Universidade Oregon Health & Science (OHSU), Estados Unidos, pesquisadores demonstraram, em 01 de outubro de 2025, que núcleos de células da pele humana podem ser transformados em óvulos que têm a capacidade de originar embriões. Este estudo, publicado na revista Nature Communications, é uma prova de conceito que valida a viabilidade de reprogramar células somáticas, como as da pele, para se tornarem gametas femininos.

Método utilizado

O processo inovador se baseou na transferência nuclear de células somáticas, onde o núcleo de uma célula da pele, que contém 46 cromossomos, foi transferido para um óvulo doador previamente esvaziado de seu núcleo. Para garantir que o novo óvulo tivesse o número correto de cromossomos – 23 –, os cientistas induziram uma divisão celular artificial, semelhante à meiose, chamada mitomeiose.

Resultados preliminares

Após a construção dos óvulos, eles foram fertilizados com espermatozoides humanos, e em alguns casos, conseguiram se desenvolver até a fase de blastocisto, que ocorre cerca de cinco a seis dias após a fertilização. Apesar desse progresso, a eficiência do método é ainda baixa, com menos de 10% dos 82 óvulos criados alcançando a fase de blastocisto, e todos os embriões apresentaram anomalias cromossômicas.

Futuro da pesquisa

Os pesquisadores ressaltam que a pesquisa está em sua fase inicial e não há aplicações clínicas imediatas. Melhorias são necessárias para aumentar as taxas de sucesso e corrigir falhas genéticas antes de considerar sua utilização na reprodução assistida. Se os desafios forem superados, esta técnica poderia oferecer novas opções a mulheres com infertilidade severa e permitir que casais do mesmo sexo tenham embriões com o material genético de ambos os parceiros. Contudo, especialistas alertam que ainda há muitos anos de estudos pela frente, além da necessidade de debates éticos e regulamentações claras.

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