Discussões sobre leniência envolvendo Campos Neto e Galípolo
A CAE busca ouvir o Coaf sobre um acordo de leniência envolvendo o Banco Central e Roberto Campos Neto.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, em sessão realizada nesta terça-feira (28), decidiu convidar Ricardo Saadi, presidente do Coaf, para discutir o acordo de leniência celebrado entre o Banco Central (BC) e Roberto Campos Neto. O requerimento foi apresentado pelo senador Renan Calheiros, que criticou a falta de transparência do acordo feito por Gabriel Galípolo, atual presidente do BC.
— O atual presidente do Banco Central, [Gabriel] Galípolo, fez às escondidas um acordo de leniência com o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que quando esteve à frente do [banco] Santander, movimentou durante mais de dois anos uma série de contas-fantasmas, sem contabilidade posta e isso sem transparência nenhuma — disse Renan.
Na semana passada, a CAE já havia aprovado requerimento para que Galípolo preste informações sobre os termos do acordo, a motivação jurídica e os impactos institucionais da medida, considerada inédita no âmbito do Banco Central.
— Não se sabe por que o atual presidente do Banco Central fez isso e deu publicidade — expôs Renan.
Reações de senadores
O líder do governo no Senado, o senador Jaques Wagner (PT-BA), também expressou sua perplexidade em relação à ação de Galípolo, afirmando que “tampouco entendeu o movimento do presidente do Banco Central” e que aguarda esclarecimentos. Para o senador Eduardo Braga (MDB-AM), a presença do presidente do Santander é igualmente importante, a fim de que ele possa explicar como um banco internacional permite tais movimentações, sob a supervisão de seu compliance.
Renan também solicitou no requerimento que Saadi preste informações sobre as chamadas “contas-ônibus”, utilizadas por fintechs nas instituições bancárias. Braga lembrou que as fintechs precisam hospedar recursos em algum banco para realizar operações como o pix, através dessas contas.
— Isso nada mais é do que o uso do devedor contumaz numa tecnologia mais sofisticada. Ou seja, se nós não combatermos o devedor contumaz, nós estaremos cada vez mais vendo a deturpação do sistema bancário-financeiro brasileiro — complementou Braga.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)