Constelações de satélites podem bloquear observações de telescópios até 2030

Satellite trails seen in Hubble Space Telescope images taken between 2002 and 2021

Impacto crescente de satélites em imagens de telescópios espaciais é alertado por pesquisadores.

Constelações de satélites estão interferindo nas observações de telescópios espaciais, segundo estudo recente.

Constelações de satélites comprometerão telescópios espaciais

As constelações de satélites, em especial as que atendem a serviços de internet, estão se tornando um desafio crescente para a observação astronômica. Atualmente, cerca de 15.000 satélites orbitam a Terra, com mais da metade pertencendo à rede Starlink da SpaceX, que já lançou mais de 9.000 unidades. Um estudo recente destaca que imagens capturadas por telescópios como o Hubble já estão sendo prejudicadas por esses satélites.

Em 2023, astrônomos relataram que alguns satélites estavam interferindo nas imagens do Hubble, causando uma distorção que apaga sinais cósmicos autênticos. O estudo sugere que, se todos os projetos de constelações aprovados forem lançados, poderemos ter até meio milhão de satélites no céu até o final da década de 2030.

Consequências para a astronomia

O estudo, liderado pelo astrofísico Alejandro Borlaff da NASA, modelou a aparência das constelações para quatro telescópios especiais: o Hubble, o SPHEREx, que foi lançado em março, e os futuros telescópios Xuntian (previsto para 2026) e ARRAKIHS da ESA. Os pesquisadores simularam as operações dos telescópios em diferentes cenários, variando de 100 a 1 milhão de satélites. Os resultados foram alarmantes: um em cada três imagens do Hubble pode conter rastros de satélites, enquanto mais de 96% das exposições do SPHEREx, ARRAKIHS e Xuntian seriam impactadas.

A perda de dados irrecuperáveis

Os cientistas alertam que o processamento de imagens não poderá recuperar a ciência perdida devido à contaminação por satélites. Apesar de técnicas de mascaramento poderem ocultar os rastros, os dados originais ficam perdidos para sempre. Borlaff enfatiza que a luz refletida por esses objetos apaga as informações que chegam ao detector do telescópio.

A resposta da comunidade científica

Rafael Guzmán, líder do consórcio do ARRAKIHS, argumenta que o estudo assume que seu telescópio fará observações sobre toda a extensão do céu, o que nem sempre é verdade, já que ele tende a mirar em direções menos afetadas. No entanto, mesmo assim, esperam que uma parte significativa das imagens também será impactada.

Soluções possíveis e desafios

Uma das propostas para mitigar esse problema é colocar as constelações de satélites em órbitas mais baixas, onde poderiam passar mais tempo na sombra da Terra, tornando-se menos visíveis. Contudo, isso também apresenta novos desafios, podendo fazer com que os satélites queimem durante a reentrada atmosférica. Além disso, a poluição luminosa poderia ser exacerbada.

Borlaff defende que este tema deve ser discutido de uma maneira multidisciplinar, considerando tanto a ciência quanto as necessidades da indústria. Ele expressa um otimismo cauteloso em relação à possibilidade de mitigações eficazes serem adotadas.

Os pesquisadores acreditam que é essencial agir rapidamente para preservar a qualidade das observações astronômicas e proteger o meio ambiente orbital antes que as constelações de satélites se tornem uma realidade comum no céu noturno.

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