A luta pelo poder orçamentário e suas consequências para a democracia americana.
Trump tem exercido um controle sem precedentes sobre o orçamento federal, gerando preocupações sobre a separação de poderes.
A crescente centralização do controle orçamentário pelo presidente Donald Trump tem levantado sérias preocupações sobre a saúde da democracia nos Estados Unidos. Com um Congresso cada vez mais dividido, as manobras orçamentárias e a busca por mais autonomia executiva estão criando um cenário de incerteza e desresponsabilização.
A luta pelo poder orçamentário
Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem se empenhado em assumir o controle do orçamento federal. Essa estratégia envolve o cancelamento de bilhões de dólares em ajuda externa, a imposição de novas condições sobre contratos e a suspensão de financiamentos para pesquisas. O impacto dessas ações não se limita a um mero ajuste fiscal; elas têm o potencial de alterar fundamentalmente como o governo opera e se responsabiliza perante o público.
Historicamente, o Congresso detém o que é conhecido como “poder do cofre” — a autoridade para direcionar os gastos federais. No entanto, a administração Trump tem se afastado desse princípio, ao tentar implementar cortes e ajustes sem o devido respaldo legislativo. Essa manobra não apenas enfraquece o papel do Congresso, mas também estabelece um precedente perigoso para futuras administrações, que podem se sentir legitimadas a agir de maneira semelhante.
Implicações para a governança
A ausência de uma resposta robusta do Congresso frente a essas manobras levanta questões sérias sobre a governança nos EUA. O que estamos testemunhando é uma erosão gradual da separação de poderes, que foi uma das bases fundamentais da Constituição americana. Com os presidentes cada vez mais dispostos a agir unilateralmente, o papel do legislativo se torna secundário, correndo o risco de se transformar em um mero espectador nas decisões orçamentárias.
Além disso, a divisão política exacerbada no Congresso dificulta qualquer resistência efetiva. Em vez de defender suas prerrogativas, tanto os republicanos quanto os democratas parecem priorizar os interesses partidários em detrimento da saúde institucional. Essa dinâmica cria um ambiente onde o presidente pode operar com uma liberdade crescente, minando a responsabilidade que deveria ser exigida pelo legislativo.
O futuro das políticas orçamentárias
O que isso significa para o futuro? Se a administração atual continuar a impôr sua vontade sobre o orçamento, poderemos ver um aumento no autoritarismo executivo, onde cada nova administração se sente livre para desconsiderar as normas estabelecidas. O temor é que isso não apenas comprometa a eficiência governamental, mas também possa levar a um ciclo vicioso de desconfiança e polarização crescente entre os partidos.
Na busca por controlar o orçamento, a administração Trump pode acabar alterando irreversivelmente a forma como o governo federal opera, colocando em risco não apenas a eficácia das políticas públicas, mas também a própria essência da democracia americana. A luta pelo poder orçamentário, portanto, não é apenas uma questão de números, mas uma questão crítica de princípios e valores que moldam a governança em uma nação complexa como os Estados Unidos.
Fonte: www.theatlantic.com
Fonte: Aaron Schwartz / CNP / Bloomberg / Getty



