Investigação em andamento sobre irregularidades em bailes funk
CPI dos Pancadões busca condução coercitiva de Buzeira, mesmo preso pela PF.
A CPI dos Pancadões, criada pela Câmara Municipal de São Paulo para investigar irregularidades nos bailes funk da capital e possíveis conexões com o crime organizado, quer garantir a condução coercitiva do influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, mesmo ele estando preso pela Polícia Federal (PF). O pedido se baseia no fato de que Buzeira foi convocado duas vezes pela comissão e não compareceu a nenhuma das sessões marcadas, levando os parlamentares a requisitarem à Justiça que ele seja levado de forma obrigatória para prestar depoimento.
De acordo com o advogado Everton Brasilino, a condução coercitiva é um instrumento legal que permite às autoridades “levar alguém à força, de maneira legítima, para prestar esclarecimentos quando há recusa injustificada”. Ele reforça que as CPIs têm poder de investigação, podem intimar testemunhas e solicitar documentos, mas não podem executar sozinhas medidas coercitivas sem a autorização do Poder Judiciário.
O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), presidente da CPI, afirmou que a prisão de Buzeira reforça a necessidade de ouvi-lo, já que há indícios levantados pela comissão que precisam ser esclarecidos diretamente por ele. “Queremos garantir o andamento das investigações e a transparência de todo o processo”, destacou o parlamentar.
A prisão de Buzeira ocorreu durante a Operação Narco Bet, deflagrada pela Polícia Federal, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro, tráfico internacional de drogas, movimentações financeiras em criptomoedas e apostas eletrônicas. Segundo as investigações, o influenciador teria movimentado valores expressivos com origem duvidosa, utilizando empresas de fachada e plataformas digitais para ocultar recursos ilícitos.
Além disso, Buzeira já vinha sendo alvo da Polícia Civil de São Paulo, suspeito de envolvimento com formação de quadrilha, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro relacionada a rifas e sorteios promovidos em seu perfil no Instagram, que possui milhares de seguidores. A CPI dos Pancadões também apura se esses eventos teriam ligação com a organização de bailes funk ilegais, onde há relatos de consumo de drogas, som alto e perturbação do sossego público em comunidades da capital paulista.
Buzeira deveria ter comparecido a uma sessão marcada para 28 de agosto, a mesma em que ocorreu uma discussão entre o youtuber Chavoso da USP e o presidente da CPI. O influenciador, no entanto, não compareceu e não apresentou justificativa formal. Agora, a comissão aguarda uma decisão judicial para definir se ele será conduzido à força de sua cela para depor.
Nos próximos dias, a CPI pretende ouvir também o cantor Salvador da Rima, marcado para o dia 16 de outubro, enquanto o caso de Buzeira continua em análise pela Justiça Federal. Apesar de já estar preso, o pedido de condução coercitiva permanece válido, uma vez que a CPI não possui poder para forçar depoimentos sem decisão judicial.
A CPI dos Pancadões reforça que seu objetivo é garantir a legalidade dos eventos, combater a criminalidade associada e esclarecer as possíveis conexões entre o mundo do funk, apostas online e lavagem de dinheiro. A presença de Buzeira, segundo os membros da comissão, é considerada essencial para completar as linhas de investigação e compreender o alcance das atividades que ele comandava nas redes sociais e fora delas.