A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) intensifica o cerco contra os envolvidos no esquema. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou a convocação de familiares do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. A medida drástica surge após o próprio lobista faltar ao depoimento agendado, amparado por uma decisão do STF que o permitiu não comparecer.

A decisão de convocar os familiares, incluindo a esposa e o filho de Antônio Carlos, visa aprofundar as investigações sobre o esquema de fraudes em descontos associativos do INSS. Segundo Viana, a esposa do lobista, Tânia Carvalho dos Santos, é sócia dele em diversas empresas e, portanto, tem informações relevantes a prestar à CPMI. A convocação também se estende a Romeu Carvalho Antunes, filho do lobista, aumentando a pressão sobre o núcleo familiar do investigado.

Além dos familiares de “Careca do INSS”, a CPMI também convocou outras figuras ligadas ao esquema, como Cecília Montalvão, esposa e sócia de Maurício Camisotti, já preso sob suspeita de envolvimento nas fraudes. O empresário Milton Salvador de Almeida Júnior e o advogado Nelson Williams também foram incluídos na lista de convocados. O objetivo é obter um panorama completo das ramificações do esquema e identificar todos os responsáveis pelas irregularidades.

O escândalo do INSS veio à tona através de uma série de reportagens investigativas do Metrópoles, que revelaram um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias. As reportagens detalharam como associações se beneficiaram de filiações fraudulentas, arrecadando R$ 2 bilhões em um ano. A gravidade das denúncias impulsionou a abertura de inquéritos pela Polícia Federal (PF) e investigações da Controladoria-Geral da União (CGU).

A Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF em abril, teve como base 38 matérias do Metrópoles e resultou em importantes desdobramentos, incluindo as demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi. A CPMI do INSS busca agora aprofundar as investigações, com a convocação de novos depoentes, para responsabilizar todos os envolvidos no esquema e evitar que fraudes semelhantes se repitam.