A Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Operação Sem Desconto, culminando na prisão de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e do empresário Maurício Camisotti. Ambos são apontados como figuras centrais no esquema fraudulento que desviou recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação foi recebida com satisfação por membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o caso.
O escândalo, amplamente divulgado pelo Metrópoles desde dezembro de 2023, revelou um esquema bilionário de descontos irregulares em aposentadorias. As investigações apontaram para um aumento expressivo na arrecadação de entidades associativas, alcançando a marca de R$ 2 bilhões em um ano, enquanto acumulavam milhares de processos por fraudes nas filiações de segurados.
O deputado Duarte Jr. (PSD-MA), vice-presidente da CPMI, manifestou-se através do X, ex-Twitter, afirmando que as prisões são “fruto de muito trabalho, investigação e coragem para enfrentar poderosos”. Ele complementou: “Mostram que a impunidade não será a regra: quem rouba os mais pobres e vulneráveis vai pagar caro por isso”. O parlamentar ainda enfatizou a importância de recuperar o dinheiro desviado e responsabilizar todos os envolvidos.
O senador Marcos Rogério (PL-RO) destacou a coincidência da operação policial com a aprovação, pela CPMI, da quebra dos sigilos bancário, telemático e fiscal de Antunes e Camisotti. “Um dia depois de aprovarmos a quebra de sigilo bancário do Careca, a PF realiza a sua prisão”, pontuou o senador. Para Rogério, esse fato representa mais um indicativo de que as investigações da CPMI estão avançando na direção correta.
O depoimento de Antonio Carlos Camilo Antunes à CPMI do INSS está mantido para a próxima segunda-feira, dia 15 de setembro, mesmo após a sua prisão. A Operação Cambota, que resultou nas prisões, também cumpriu 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal. A investigação busca desmantelar o esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões, no qual Antunes é apontado como um dos principais operadores.
Suspeita-se que Antunes tenha corrompido diretores do INSS para favorecer as entidades envolvidas no esquema, obtendo dados cadastrais de beneficiários para facilitar as fraudes. A Polícia Federal rastreou o recebimento de R$ 30 milhões por parte do lobista, oriundos de associações como a Ambec, Cebap e Unabrasil, que juntas faturaram R$ 852 milhões em descontos sobre aposentadorias. Consta ainda que a Ambec e a Cebap transferiram R$ 11,9 milhões e R$ 12,6 milhões, respectivamente, para o “Careca do INSS”.