Entenda como a interação com a tecnologia afeta o desenvolvimento infantil
O uso de telas por crianças gera preocupações que vão além do tempo de uso. Especialistas alertam sobre conteúdo e mediação.
A antiga preocupação com o relógio já não é mais o foco do debate sobre crianças e telas. Hoje, especialistas apontam que a questão envolve o que as crianças estão fazendo e com quem estão interagindo durante o tempo que passam em frente às telas. A psiquiatra infantil Maria Alice Carneiro ressalta que, embora o tempo de tela continue relevante, o conteúdo consumido também merece atenção. Ela destaca a diferença entre vídeos educativos e jogos de imersão, que podem ser prejudiciais ao desenvolvimento infantil.
Impactos do uso excessivo
A psicóloga Isadora Fonseca observa um aumento no número de crianças entre 5 e 7 anos com sintomas relacionados ao uso excessivo de telas. “Os vídeos curtos, como os do TikTok, criam um padrão de reforço intermitente que prejudica a atenção e a concentração”, explica. Essa sobrecarga de estímulos pode levar a dificuldades de foco e isolamento social.
Relações parassociais e riscos
Com o avanço da inteligência artificial, surgem novos vínculos emocionais, como o “amiguinho” virtual. Isabela Fonseca alerta para os perigos dessas relações, que podem distorcer comportamentos devido à falta de retorno afetivo genuíno. Casos como o do adolescente na Flórida, que se suicidou após desenvolver uma relação inadequada com chatbots, evidenciam a necessidade de supervisão.
Estratégias para pais
Maria Alice destaca que a mediação adulta é insubstituível. Estabelecer limites e promover diálogos sobre o que as crianças assistem são estratégias eficazes. Aplicativos de controle parental podem auxiliar, mas não substituem a presença ativa dos adultos. A tecnologia, quando mediada de forma consciente, pode ser uma aliada no aprendizado.
O valor da simplicidade
Por fim, Isadora enfatiza a importância de um equilíbrio. A infância precisa de espaço para imaginar e criar. Embora a tecnologia possa ser integrada à vida das crianças, é essencial que os pais ensinem seu uso adequado, garantindo que a realidade não seja substituída pelo digital.