Criptomoedas para um turismo sustentável: blockchain e eco‑viagens

Criptomoedas para um turismo

O setor de viagens internacionais segue em expansão, registrando em 2025 um aumento de 5% no fluxo de visitantes e alcançando 690 milhões de chegadas. A atividade responde por US$ 10,9 trilhões do PIB global, gera 357 milhões de postos de trabalho e representa US$ 3,3 trilhões em arrecadação tributária.

Ao mesmo tempo, cresce a pressão por soluções que tornem o deslocamento de pessoas mais eficiente e menos poluente. Entre inovações recentes, a digitalização e a inteligência artificial vêm otimizando rotas, experiências e operações.

Nesse contexto, surgem novas propostas de integração entre blockchain e turismo sustentável, abrindo questionamentos sobre como criptomoedas e mecanismos de registros descentralizados podem favorecer tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais.

Pagamentos digitais e redução de intermediários

Ao analisar como a tecnologia pode transformar a circulação de recursos durante as viagens, uma das primeiras aplicações visíveis está nos sistemas de pagamento.

Muitos fornecedores locais enfrentam barreiras no acesso às tradicionais plataformas bancárias, que exigem taxas elevadas e longos prazos de liquidação.

Com uso de blockchains e ativos atrelados a moedas estáveis, a transferência entre cliente e prestador se torna quase instantânea. Esse processo também ganha relevância porque novos modelos de captação de recursos, como a pré-venda de criptomoedas, permitem ampliar liquidez em mercados emergentes e oferecem transparência regulatória, fortalecendo a confiança de viajantes e empreendedores.

A simplificação reduz gargalos e contribui para que pequenos guias, pousadas familiares ou serviços de transporte comunitário recebam pagamentos diretos, preservando margens financeiras fundamentais.

Blockchain e créditos de carbono tokenizados

Com a atenção global voltada para a neutralidade climática, mecanismos que permitem rastrear e compensar emissões de carbono tornam-se vitais. Nos últimos anos, surgiram soluções que convertem créditos ambientais em tokens registrados em blockchain.

Essa ferramenta facilita a comprovação de origem e evita contagens duplicadas, fortalecendo compromissos assumidos por empresas de turismo.

Viajantes dispostos a neutralizar a pegada de suas férias conseguem adquirir certificados digitais vinculados a projetos de reflorestamento ou geração de energia limpa.

O modelo ganha escala porque a rastreabilidade digital simplifica auditorias e incentiva uma cultura de responsabilidade. Na prática, reservas em hotéis ou passagens aéreas já poderiam incluir esse tipo de crédito como opção de pagamento, aproximando o consumidor comum das metas ambientais globais.

Stablecoins como ferramenta de inclusão financeira

O mercado de stablecoins, que deve alcançar US$ 251,7 bilhões em 2025 segundo estimativas de consultorias setoriais, exerce papel estratégico no turismo em regiões com menor acesso a moedas fortes.

Para comunidades isoladas ou destinos rurais, aceitar stablecoins pode significar receber visitantes de diferentes países sem sofrer perdas decorrentes de câmbio instável. Além disso, esses ativos oferecem previsibilidade, pois estão atrelados a valores de referência relativamente estáveis, como o dólar.

Guias locais, pequenos restaurantes e artesãos, ao gerenciar seus ganhos com esse tipo de ativo, conseguem planejar investimentos com maior segurança.

A solução digital também diminui a dependência de agências intermediárias, concedendo autonomia e contribuindo para que parte maior da receita turística permaneça na própria localidade.

Turismo digitalizado e desafios de governança

A integração de tecnologias avançadas ao setor de viagens não se limita a pagamentos. Processos de identificação de passageiros, registros de reservas e contratos com prestadores podem ser automatizados em plataformas descentralizadas. Isso agiliza check-ins, melhora a gestão de pacotes e aumenta a segurança documental.

Ainda assim, os desafios de governança permanecem relevantes. Definir regras compartilhadas entre companhias aéreas, órgãos reguladores e empresas de hospedagem exige diálogo complexo.

O equilíbrio entre inovação e conformidade normativa é delicado, principalmente em atividades transnacionais, nas quais legislações divergem.

Organismos multilaterais já observam a necessidade de padrões de interoperabilidade que permitam escala mundial para blockchains aplicados ao turismo, sem abrir mão de requisitos de proteção ao consumidor e prevenção de fraudes financeiras.

Impactos econômicos e ambientais de longo prazo

Considerando os números expressivos do setor, qualquer eficiência introduzida pela blockchain tem efeitos amplificados.

Se transações se tornam mais baratas, entidades locais recebem maior proporção da receita, promovendo crescimento econômico inclusivo. Quando créditos ambientais são integrados às reservas, a compensação de emissões passa a fazer parte da rotina, reduzindo externalidades negativas.

O potencial é especialmente notável em destinos de natureza, onde a sustentabilidade do ambiente visitado garante a continuidade da atividade turística.

A longo prazo, espera-se que a interação entre tecnologias digitais e turismo produza novo padrão de comportamento: viajantes mais conscientes, empresas mais transparentes e governos mais atentos a políticas que equilibrem atração de fluxos e preservação de recursos naturais.

Perspectivas para 2025 e além

O ano de 2025 foi marcado por crescimento consistente e pela consolidação da necessidade de soluções tecnológicas no turismo. Nos próximos ciclos, a expectativa é de estreitamento entre inovação financeira e estratégias de sustentabilidade.

Se hoje já se discute a rastreabilidade das emissões e a democratização dos pagamentos, no futuro próximo esses elementos podem ser vistos como exigências básicas para qualquer destino que queira competir globalmente.

A evolução das infraestruturas digitais também tende a encurtar distâncias entre quem viaja e quem recebe, aproximando culturas e estimulando novas oportunidades de trabalho.

Em um cenário de transformação, blockchain e criptomoedas se apresentam como peças de um mosaico maior, no qual prosperidade econômica e responsabilidade ambiental caminham lado a lado.

Credito imagem – https://br.freepik.com/

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