Entenda a situação crítica da estatal e as medidas em discussão para recuperação
Os Correios enfrentam um rombo de R$ 6 bilhões em 2025, levando a discussões sobre recuperação.
Rombo nos Correios: uma crise alarmante para a estatal
A crise financeira nos Correios chegou a um ponto crítico, com um rombo estimado de R$ 6 bilhões em 2025. A estatal enfrenta 13 trimestres consecutivos de prejuízo, com receitas em queda e despesas em alta, especialmente devido à crescente concorrência no setor de entregas. Além disso, a nova “taxa das blusinhas” aumentou o desafio ao restringir a isenção de importações, o que impactou diretamente os resultados financeiros.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o governo está analisando um plano de recuperação para a empresa. Qualquer ajuda financeira do Tesouro depende da apresentação de um plano sólido com metas claras e cortes estruturais. Recentemente, o governo sinalizou que poderia liberar até R$ 6 bilhões, mas ressalvou que é necessário um comprometimento da estatal em reorganizar suas operações antes de qualquer aporte.
Pressão das despesas e mudanças no mercado de entrega
Os Correios vêm enfrentando uma queda constante na demanda por seus serviços, tanto em envios tradicionais quanto no comércio eletrônico. Em 2024, a empresa já registrava um prejuízo de R$ 2,6 bilhões e, de janeiro a setembro de 2025, o déficit acumulado foi de R$ 6,05 bilhões. Essa situação se agrava com o aumento das despesas, especialmente com manutenção e juros.
As novas regras de importação, que cobram impostos sobre compras de até US$ 50, contribuíram para uma redução significativa no volume de pacotes internacionais, impactando ainda mais as receitas da estatal. Tudo isso enquanto os Correios mantêm uma vasta rede logística, presente em todos os municípios brasileiros.
Medidas propostas para sanear as contas
Para lidar com a crise, os Correios tentaram negociar um empréstimo de R$ 20 bilhões com um consórcio de bancos. Contudo, a proposta foi vetada devido aos altos juros exigidos, que ultrapassaram o limite permitido pelo Tesouro Nacional. Diante da recusa, a estatal está explorando alternativas como a venda de imóveis, corte de contratos e intensificação de programas de demissão voluntária.
O governo também incluiu na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 uma previsão que permite desconsiderar até R$ 10 bilhões em despesas para reequilíbrio das estatais, incluindo os Correios, do cálculo da meta fiscal. As medidas a serem adotadas incluem:
- Fechamento de agências deficitárias, podendo ultrapassar mil unidades;
- Venda de imóveis ociosos, com uma expectativa de arrecadação de cerca de R$ 1,5 bilhão;
- Programa de demissão voluntária para até 15 mil funcionários;
- Revisão de contratos e cortes administrativos;
- Aumento de parcerias e exploração de novos nichos de receita.
O impacto potencial da crise na operação
Especialistas alertam que a falta de recursos poderá levar a entregas atrasadas, falhas nos serviços e perda de contratos, uma situação que agravaria ainda mais a crise. Isso se traduziria em um ciclo vicioso onde a redução da qualidade do serviço resultaria em uma migração de clientes para concorrentes, resultando em um novo declínio nas receitas.
Enquanto a crise persiste, o futuro dos Correios depende de ações rápidas e eficazes para evitar que a estatal chegue a um ponto sem retorno. A busca por soluções viáveis será crucial nos próximos meses para garantir a sustentabilidade da empresa e a preservação de milhões de empregos no setor.


