Especialistas contestam a analogia com a 'guerra ao terror'.
A defesa de Trump para os ataques a barcos na América Latina é criticada por especialistas que refutam a associação com a 'guerra ao terror'.
A recente escalada de operações militares dos EUA na América Latina, especialmente os ataques a barcos relacionados ao tráfico de drogas, tem sido defendida por aliados do presidente Donald Trump como uma extensão da “guerra ao terror”. No entanto, especialistas jurídicos e defensores dos direitos humanos criticam essa analogia como infundada e perigosa.
A polêmica da analogia com a guerra ao terror
Os ataques, que já resultaram na morte de quase 100 pessoas desde setembro de 2025, não são sustentados por um conflito armado reconhecido. Annie Shiel, diretora de defesa da Center for Civilians in Conflict, enfatiza que a comparação feita pelos aliados de Trump, incluindo o uso de táticas militares da era Obama, não se aplica ao contexto atual. “Esses ataques estão expandindo abusos de poder que já observamos na ‘guerra ao terror'”, disse Shiel.
Os aliados de Trump, como os senadores Tim Sheehy e Markwayne Mullin, tentam justificar os ataques afirmando que os traficantes de drogas atuam como terroristas. No entanto, a falta de uma estrutura organizada e motivações políticas nos cartéis de drogas contradiz essa afirmação, segundo especialistas como John Walsh, do Washington Office on Latin America.
A falta de autorização e as consequências legais
Os críticos argumentam que os ataques carecem de autorização do Congresso, o que os torna extrajudiciais e uma violação dos direitos humanos. Um grupo de 10 senadores democratas expressou sua preocupação em uma carta, afirmando que a administração Trump está fabricando um conflito armado para justificar ações de assassinato. “Esses ataques são violações chocantes de princípios fundamentais de devido processo e do direito à vida sob a lei dos EUA e internacional”, alertaram os senadores.
A militarização da política antidrogas
A administração Trump parece estar aplicando a retórica da ‘guerra ao terror’ à sua política antidrogas, designando organizações de drogas como “organizações terroristas estrangeiras”. Essa classificação levanta preocupações sobre a possibilidade de ações militares serem autorizadas dentro dos EUA, o que poderia abrir precedentes perigosos para ações de força.
Samuel Moyn, professor de direito e história na Universidade de Yale, critica essa abordagem, afirmando que “duas injustiças não fazem uma justiça”. Ele ressalta que a expansão das operações militares dos EUA ao longo do tempo não é uma solução viável e que essas ações devem ser submetidas a uma supervisão rigorosa e a uma análise crítica.
A crescente militarização das operações contra o tráfico de drogas representa um desvio preocupante das normas legais e éticas estabelecidas, colocando em risco não apenas a vida dos supostos alvos, mas também a integridade do sistema legal americano. A luta por uma política mais transparente e responsável continua, à medida que os especialistas e defensores dos direitos humanos exigem uma reavaliação das ações da administração Trump.
Fonte: www.aljazeera.com
Fonte: Reuters]



