Conflitos de interesse emergem em meio a novas políticas de IA e investimentos em tecnologia
David Sacks enfrenta críticas por seus investimentos enquanto assessora o governo em políticas de IA.
David Sacks enfrenta críticas por seus investimentos em tecnologia
David Sacks, conselheiro do ex-presidente Donald Trump em inteligência artificial (IA) e criptomoedas, está no centro de uma controvérsia em relação a seus extensos investimentos em tecnologia. Este debate surge enquanto Sacks molda políticas governamentais que podem impactar diretamente o setor de IA. As preocupações sobre conflitos de interesse foram alimentadas por documentos públicos que revelam que ele mantém mais de 400 investimentos em empresas ligadas à tecnologia, apesar de ter divido algumas ações em grandes empresas como Amazon e Meta.
A polêmica se intensificou com a recente assinatura de uma ordem executiva que instrui o Departamento de Justiça a desafiar leis estaduais sobre IA que são consideradas “onerosas” para a indústria. Essa medida, que Sacks apoiou ativamente, já enfrenta resistência de membros de ambos os partidos, além de figuras do movimento MAGA que veem com desconfiança a elite tecnológica.
As isenções éticas que Sacks recebeu têm sido descritas por especialistas como “isenções éticas de fachada”. Kathleen Clark, uma especialista em ética governamental, afirmou que essas isenções carecem da análise objetiva necessária para garantir que as políticas públicas sejam feitas em benefício do público. Em suas palavras, essas isenções permitem que Sacks aja sem medo de represálias legais, o que levanta sérias questões sobre a integridade de suas decisões e ações enquanto ocupa um cargo público.
Após uma investigação do The New York Times sobre as participações de Sacks, muitos de seus amigos do setor tecnológico o defenderam publicamente, elogiando seu trabalho e desmerecendo as alegações do jornal. No entanto, Sacks, que também é bilionário, contratou um escritório de advocacia para enviar cartas ameaçadoras ao jornal, acusando-o de distorcer os fatos.
Ele se defendeu em seu podcast, dizendo que dividiou “centenas de milhões de dólares em posições em empreendimentos tecnológicos promissores a um custo substancial para sua fortuna pessoal”, enfatizando que sua posição no governo não lhe trouxe benefícios financeiros. Sacks afirmou que o Escritório de Ética do Governo aprovou suas isenções e não encontrou conflitos de interesse em relação aos investimentos de sua empresa, Craft Ventures.
A questão dos conflitos de interesse se torna ainda mais relevante à medida que Sacks conquista apoio para a ordem executiva que visa reverter mais de 100 leis estaduais regulando a IA, especialmente aquelas que se concentram em desinformação e transparência na operação de modelos de IA. Executivos de empresas como OpenAI e Google têm pressionado por uma legislação federal que unifique as regras de IA, argumentando que um emaranhado de leis estaduais pode prejudicar o crescimento do setor e dar uma vantagem à China.
No entanto, a abordagem de Sacks não é isenta de críticas dentro do próprio círculo político de Trump. Steve Bannon, ex-estrategista-chefe do ex-presidente, se opôs publicamente às políticas de Sacks, considerando que a busca do conselheiro pela dominação do setor tecnológico ignora os riscos envolvidos para o público. Bannon expressou preocupações sobre a falta de regulamentação em um campo que, segundo ele, é potencialmente perigoso.
As tensões em torno de Sacks também levantam questões sobre a possibilidade de um resgate governamental para a indústria tecnológica, uma preocupação que se intensifica à medida que a bolha de investimentos em IA continua a crescer. Sacks já havia sido um defensor de um resgate governamental para o Silicon Valley Bank, que acabou recebendo apoio federal. Ele, no entanto, negou a possibilidade de um resgate federal para a IA, embora tenha se mostrado preocupado com os riscos de uma reversão nos investimentos.
A situação de Sacks ilustra as complexas intersecções entre política, ética e investimento no setor tecnológico, levantando questões que podem impactar tanto o futuro das políticas de IA nos Estados Unidos quanto a integridade das decisões governamentais em um momento de rápida transformação tecnológica.



