Depoimento de programador acusado de fraudes previdenciárias gera polêmica na CPMI

Agência Senado

Igor Dias Delecrode permanece em silêncio sobre movimentações financeiras suspeitas

Programador acusado de fraudar o INSS permanece em silêncio durante depoimento na CPMI.

Programador acusado de fraudar INSS se recusa a depor na CPMI

Na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) realizada em 10 de novembro de 2025, o programador Igor Dias Delecrode foi um dos depoentes que optou por não responder às perguntas sobre sua suposta participação em um esquema que movimentou R$ 1,4 bilhão em fraudes contra aposentados e pensionistas. Delecrode, que tem 28 anos e é sócio de empresas de tecnologia da informação, é acusado de desenvolver um programa que permitiu burlar o sistema de biometria e assinaturas digitais do INSS, facilitando descontos ilegais.

Durante seu depoimento, Delecrode se limitou a afirmar que mora em São Paulo e possui formação em auditoria financeira. Ele alegou que atua no ramo de prestação de serviços e que suas atividades em tecnologia não são sua principal fonte de renda. No entanto, sua recusa em explicar o recebimento de R$ 15 milhões em menos de um ano deixou os membros da CPMI frustrados.

Silêncio e impunidade

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, demonstrou indignação com o silêncio de Delecrode, afirmando que as fraudes em que ele estaria envolvido resultaram em um desvio de recursos públicos que prejudicou milhares de aposentados. Gaspar criticou a impunidade no Brasil, ressaltando que Delecrode teria se tornado um multimilionário às custas de aposentados que dependem do INSS. Segundo ele, o silêncio do depoente representa uma vitória para a impunidade no país.

Gaspar também destacou a atuação de Delecrode em uma organização criminosa que operava em pelo menos três núcleos, utilizando um sofisticado sistema para coletar dados e verificar a autenticidade das informações, burlando assim o sistema de biometria facial.

A reação dos parlamentares

Os membros da CPMI expressaram suas preocupações com a falta de ações efetivas contra os responsáveis pelas fraudes. O deputado Paulo Pimenta descreveu Delecrode como um “milionário sem nunca ter trabalhado”, um “cérebro tecnológico” das organizações criminosas. Pimenta afirmou que Delecrode desenvolveu um programa que levou à adesão fraudulenta de 117 mil aposentados em apenas um mês.

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, criticou a concessão de habeas corpus ao depoente pelo Supremo Tribunal Federal, sugerindo que isso undermina a autoridade da comissão e a capacidade do Congresso de agir em questões de fraudes e corrupção. Ele pediu uma reavaliação das relações entre os Poderes para garantir que investigações como a da CPMI tenham a devida relevância.

A busca por justiça

Enquanto a CPMI continua a investigar as fraudes e buscar responsabilizações, o prazo para que os aposentados lesados peçam ressarcimento foi prorrogado até 14 de fevereiro de 2026. Até o momento, mais de 3 milhões de aposentados já receberam devoluções que totalizam mais de R$ 2 bilhões. A situação evidencia a necessidade de um sistema mais rigoroso e eficaz para proteger os direitos dos aposentados e pensionistas, além de um chamado à ação para que os responsáveis pelas fraudes sejam devidamente punidos.

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