Tensão marca CPMI enquanto denúncias de fraudes no INSS são debatidas
Discussão acalorada entre deputado e ex-coordenador do INSS sobre acusações de corrupção.
Discussão acalorada sobre corrupção no INSS
No dia 1º de dezembro de 2025, durante uma audiência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o clima esquentou entre o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) e o ex-coordenador de pagamentos do INSS, Jucimar Fonseca da Silva. O deputado não hesitou em acusar Jucimar de ter a “mão suja de corrupção”, em um momento que destacou as investigações sobre irregularidades dentro do instituto.
As acusações que pesam sobre Jucimar dizem respeito a sua assinatura em uma nota técnica que permitiu descontos em lotes, beneficiando entidades associativas que estão sendo investigadas. Este escândalo, que já levou ao afastamento de Jucimar em julho deste ano, foi amplamente revelado pelo portal Metrópoles, que publicou uma série de reportagens começando em dezembro de 2023.
Revelações e investigações
As reportagens indicam que a arrecadação das entidades com descontos associados aumentou drasticamente, atingindo impressionantes R$ 2 bilhões em um ano. Este crescimento alarmante coincidiu com a abertura de milhares de processos por fraudes relacionadas à filiação de segurados às associações que promoviam os descontos.
Como resultado, a Polícia Federal (PF) iniciou investigações que culminaram na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025. A operação resultou na demissão do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi. A CPMI, portanto, está sob pressão para esclarecer as responsabilidades e mecanismos que facilitaram essas fraudes.
Bate-boca na audiência
Durante a audiência, Jucimar tentou defender seu posicionamento, alegando que existia um documento do INSS que contradizia o parecer da Procuradoria-Geral, o qual o implicava em apoiar a liberação de descontos indevidos. O deputado Duarte Jr., por sua vez, exigiu a apresentação dessa prova, acentuando a falta de respostas por parte do ex-coordenador. Tal situação levou a um acalorado debate entre os dois, resultando em um verdadeiro bate-boca.
Jucimar, insistindo na existência de um documento que lhe daria respaldo, teve seu pedido de leitura de parecer da Procuradoria-Geral Federal contestado por Duarte, que argumentou que isso apenas reforçava a contradição de seu discurso. O clima tenso refletiu a gravidade das alegações e a necessidade de esclarecimentos.
Convocações e desdobramentos
O ex-coordenador de pagamentos não compareceu a outras convocações da CPMI, apresentando atestados médicos em várias oportunidades. Sua presença foi garantida apenas após a intervenção da Polícia Legislativa. O empresário Sandro Temer de Oliveira, que também está envolvido nas investigações, estava agendado para depor, mas recebeu um habeas corpus que o isentou de comparecer.
O episódio evidencia a complexidade das irregularidades no INSS e a luta das autoridades para desmascarar a corrupção que afeta a instituição, prometendo desdobramentos futuros na investigação e na política brasileira.