Entenda as complexidades e mitos que cercam o Transtorno do Espectro Autista
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda apresenta muitos enigmas, apesar de décadas de pesquisa.
Apesar de décadas de pesquisa, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) continua sendo um dos maiores enigmas da medicina. Em setembro, uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alegando que a ingestão de paracetamol por gestantes era responsável por “causar” autismo, contribuiu para aumentar a insegurança na população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse argumento não tem embasamento científico. No Brasil, o Ministério da Saúde afirmou que tal divulgação é “irresponsável” e pode causar pânico. O Censo de 2022 revelou que aproximadamente 2,4 milhões de pessoas no país têm autismo.
O crescimento da desinformação
Um estudo de 2025, conduzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou um crescimento de mais de 15.000% nas informações falsas sobre o TEA na América Latina entre 2019 e 2024, com o Brasil liderando. Foram identificadas 150 falsas causas e 150 falsas “curas” do autismo, como alegações sem fundamento sobre consumo de alimentos industrializados e vacinas. Essas informações prejudiciais têm impactos diretos na vida das famílias, gerando culpa e sofrimento entre as mães.
Avanços na pesquisa e diagnóstico
A ciência avançou na compreensão dos fatores associados ao autismo, mas ainda não se conhece sua origem. Estudos indicam que a genética desempenha um papel importante, com mutações patogênicas raras associadas a 20% a 25% dos casos. A neurodivergência é vista como um fenômeno multifatorial, onde interações entre genes e fatores ambientais podem influenciar o desenvolvimento do TEA. Recentemente, a SBNI divulgou novas diretrizes de diagnóstico que consideram a heterogeneidade do transtorno e a importância de avaliar fatores sociais e ambientais. O rastreamento deve começar entre 14 e 16 meses de vida.
Tratamento e intervenção
O tratamento do autismo não se resume a uma única abordagem. Intervenções comportamentais e educacionais, além de terapias voltadas ao desenvolvimento da comunicação, são essenciais. Embora não exista um tratamento farmacológico universal para os sintomas do TEA, avanços na compreensão biológica do transtorno estão permitindo a identificação de subgrupos que podem se beneficiar de intervenções específicas. A gestão do autismo deve ser individualizada e multidisciplinar, promovendo a aceitação social e respeitando a diversidade humana.