Desafios no diagnóstico e cuidado de demência no Brasil

Fatores como estigma e falta de preparo médico comprometem a assistência

A falta de preparo médico e o estigma dificultam o diagnóstico e os cuidados com pessoas com demência no Brasil.

Em 2 de novembro de 2025, especialistas discutiram os desafios enfrentados por pessoas com demência no Brasil, durante o Summit Saúde e Bem-Estar. A demência é uma das principais causas de incapacidade no mundo e está prevista para crescer rapidamente nas próximas décadas. No Brasil, oito em cada dez pessoas com essa condição não têm conhecimento sobre a doença.

Preparação médica e diagnóstico

A falta de capacitação dos profissionais de saúde é um dos principais fatores que contribuem para o subdiagnóstico. Muitos médicos não investigam alterações cognitivas, focando apenas em condições como diabetes e hipertensão. Claudia Suemoto, professora de geriatria da USP, relatou que teve apenas duas horas de aula sobre demência durante sua formação. Ela defende a inclusão do tema na graduação e na formação continuada dos médicos.

Estigma e obstáculos sociais

O estigma associado à demência também é um grande entrave. Muitas pessoas acreditam que mudanças de memória são normais com a idade, resultando em medo e negligência. Elaine Mateus, presidente da Febraz, ressaltou a importância de tratamentos não medicamentosos, como terapias motoras e sociais, que podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O diagnóstico precoce é fundamental para acessar essas abordagens no momento certo.

Políticas públicas e prevenção

O Brasil sancionou em 2023 a Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências, mas sua implementação ainda enfrenta dificuldades. Cleusa Ferri, professora da Unifesp, destacou a necessidade de integrar ações de prevenção e apoio a familiares no SUS. Estudos indicam que eliminar 14 fatores de risco, como tabagismo e baixa escolaridade, pode prevenir até 50% dos casos de demência. Investir em educação é visto como um passo crucial para a prevenção da doença. Os especialistas concordam que um diagnóstico precoce, aliado a políticas públicas eficazes, pode mudar o curso da demência no país.

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