Entenda o caso que levou à prisão do magistrado no Rio de Janeiro.
Troca de mensagens entre políticos e um desembargador resultou em prisão por vazamento de informações sigilosas.
A prisão do desembargador Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), ocorreu em decorrência de uma investigação delicada que envolve o vazamento de informações sigilosas para membros do Comando Vermelho. O magistrado foi detido na terça-feira, 16 de dezembro de 2025, durante a segunda fase da Operação Unha e Carne, que visa desarticular esse esquema de corrupção e tráfico de informações.
O contexto da investigação
A Operação Unha e Carne se desenrola a partir de um conjunto de provas que inclui mensagens trocadas entre Rodrigo Bacellar, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), e Rui Carvalho Bulhões, que atuou como chefe de gabinete. Essas mensagens revelaram um possível alinhamento de compromissos entre Bacellar e o desembargador, levantando a hipótese de que Júdice Neto teria sido alertado sobre a operação policial antes de sua execução. Os investigadores afirmam que Bacellar e o desembargador se encontraram na noite anterior à operação, em um restaurante na Avenida Dom Henrique, no Aterro do Flamengo, onde discutiram assuntos que poderiam ter relação com a investigação em curso.
Detalhes da operação e os envolvidos
A Polícia Federal, ao analisar as trocas de mensagens, descobriu indícios que sugerem que Rui Carvalho poderia ter recebido informações sobre a operação ainda na madrugada do dia seguinte, o que levantou sérias preocupações sobre a integridade do processo judicial. A prisão de Macário Júdice Neto é um desdobramento significativo, considerando que ele havia retornado ao judiciário há apenas dois anos, após um longo afastamento de 18 anos. A atuação dele em casos envolvendo a criminalidade organizada é agora questionada devido a essas novas evidências.
Impactos e repercussões
A prisão de um desembargador é um evento raro e alarmante no sistema judiciário brasileiro, onde a confiança na imparcialidade e na justiça é fundamental. A situação gerou uma onda de reações nas redes sociais e entre os profissionais da área jurídica, que expressam preocupação sobre a possível extensão desse caso e suas implicações para outros membros do sistema judiciário. Com a prisão de Bacellar, que já havia sido detido anteriormente por supostamente repassar informações sigilosas, o cenário se torna ainda mais complexo, levantando perguntas sobre a corrupção sistêmica e a necessidade de reformas no judiciário.
Essa operação é um passo importante na luta contra a corrupção e o crime organizado no Brasil, mas também evidencia os desafios enfrentados pelas instituições responsáveis por garantir a justiça e a segurança pública. O desfecho deste caso ainda está por vir e promete trazer à tona mais revelações sobre a intersecção entre o poder político e o crime organizado.



