Análise do mercado de papéis de dívida privada e impacto da tributação
O ano de 2025 trouxe incertezas para debêntures, CRIs e CRAs, refletindo a tensão sobre a tributação.
O impacto da tributação no desempenho das debêntures, CRIs e CRAs
O ano de 2025 trouxe desafios e incertezas para o mercado de debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), importantes papéis de dívida privada. Os investidores se depararam com a proposta do governo federal de alterar a tributação desses ativos, que até então eram isentos de Imposto de Renda (IR). Em junho, a Medida Provisória (MP) nº 1.303/2025 indicava a intenção de taxar esses papéis em 5% a partir de 1º de janeiro de 2026, o que gerou preocupação no setor.
Os CRIs e CRAs desempenham um papel crucial no financiamento de projetos nos setores imobiliário e do agronegócio, proporcionando retornos futuros sobre os investimentos realizados. Por outro lado, as debêntures, semelhantes ao Tesouro Direto, são emitidas por empresas que buscam captar recursos através da dívida, oferecendo juros aos investidores.
Resiliência do mercado frente à pressão de taxação
Apesar da pressão da proposta de taxação, a resistência por parte da bancada agro no Congresso Nacional resultou na não apreciação da MP dentro do prazo estipulado de 120 dias, que se encerraram em outubro. Como consequência, CRIs, CRAs e debêntures mantiveram seus benefícios tributários. Nos quatro meses em que a proposta esteve em discussão, uma onda de captações tomou conta do mercado financeiro.
Investidores, receosos da nova taxação, migraram rapidamente para esses papéis ainda isentos, elevando significativamente as emissões. A liquidez e os preços no mercado foram impulsionados, conforme gestores abriram fundos fechados para captar recursos. Viva Las Casas, chefe de renda fixa da Valor Investimentos, avaliou que o efeito foi positivo, mostrando que o mercado se adaptou rapidamente e manteve o apetite por crédito privado.
Crescimento no volume de emissões e previsão de inadimplência
Dados da Anbima revelam que as ofertas de debêntures incentivadas somaram R$ 133,3 bilhões de janeiro a outubro de 2025, representando um crescimento de 19,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os setores de energia elétrica e transporte lideraram as captações, demonstrando um forte apelo por investimentos em infraestruturas essenciais.
Contudo, esse crescimento não ocorreu sem desafios. O ano de 2025 também foi marcado por um aumento da inadimplência no mercado de crédito privado, com diversos casos de reestruturações, atrasos e defaults, especialmente em setores como logística, varejo e partes do agronegócio. Bruna Pacheco, especialista em investimentos, destacou que isso reduziu a confiança dos investidores, ampliou os spreads e aumentou a exigência de diligência na análise de crédito.
Expectativas otimistas para 2026 e adaptação do investidor
Com as dificuldades enfrentadas, as especialistas em mercado projetam que 2026 trará retornos mais atraentes e emissores mais disciplinados. A expectativa é de que as emissões sejam mais criteriosas e que se abram oportunidades para investidores que buscam qualidade na seleção dos ativos. Las Casas acredita que o apetite dos investidores por debêntures, CRIs e CRAs continuará forte, mas com um olhar mais crítico, dada a visão de que as taxas de juros devem continuar sua trajetória de queda.
Assim, neste ambiente regulatório e fiscal, os papéis de dívida privada, por sua isenção de IR e a possibilidade de rendimentos superiores aos da renda fixa tradicional, continuam atraentes, mas demandam cuidado e análise rigorosa por parte dos investidores.
Fonte: www.moneytimes.com.br
Fonte: Agência


