Desenvolvimento de planta de hidrogênio no Chile ameaça céu escuro

Agência

Astrofísicos alertam sobre os impactos na observação astronômica em Cerro Paranal

Um projeto de hidrogênio no Chile pode comprometer as observações astronômicas em Cerro Paranal, alertam 28 astrofísicos.

Projeto de hidrogênio no Chile gera polêmica entre cientistas

Um grupo de 28 renomados astrofísicos, incluindo o ganhador do Prêmio Nobel Reinhard Genzel, se manifestou contra um projeto de hidrogênio verde no Chile, alertando que isso pode impactar severamente as observações astronômicas no Cerro Paranal, localizado na região do Atacama. Este projeto, conhecido como INNA, visa desenvolver uma planta de hidrogênio renovável próxima ao observatório, que abriga alguns dos telescópios mais avançados do mundo.

Impactos potenciais na observação astronômica

Os astrônomos afirmam que a instalação da planta pode causar um aumento de até 35% na poluição luminosa na área. “Podemos perder a capacidade de observar cerca de 30% das galáxias mais fracas. Estamos em um ponto em que começamos a ter detalhes sobre as atmosferas de exoplanetas, mas se o céu se tornar mais iluminado, esses detalhes podem se perder”, afirmou Xavier Barcons, Diretor Geral da ESO.

O Cerro Paranal é considerado um dos locais menos poluídos do mundo para observação astronômica e abriga a Very Large Telescope (VLT). O impacto da planta INNA não se limita à poluição de luz; ela também pode gerar microvibrações que dificultariam o funcionamento dos telescópios, e a turbulência poderia embaçar as imagens do universo.

O valor do Cerro Paranal para a astronomia

A escolha do Cerro Paranal para as instalações da European Southern Observatory (ESO) deve-se à sua localização ideal, que oferece as melhores condições para a astronomia. O VLT, que consiste em um conjunto de quatro telescópios, é utilizado para estudar a dinâmica de estrelas em áreas densamente povoadas, como o centro da nossa galáxia.

Além disso, a área abriga o Cherenkov Telescope Array, dedicado à pesquisa de raios gama de alta energia, e qualquer aumento na poluição luminosa pode comprometer significamente suas operações. Os cientistas temem que a interferência da planta possa degradar a qualidade do site, tornando-o apenas um local mediano para a pesquisa astronômica.

Sustentabilidade versus pesquisa científica

Os astrônomos reconhecem a importância do desenvolvimento de energia verde, mas afirmam que a proximidade da planta ao Cerro Paranal é um risco irreversível para a pesquisa científica na área. “Estamos convencidos de que o desenvolvimento econômico e o progresso científico podem e devem coexistir, mas não à custa de um dos únicos e irremediáveis portais da Terra para o universo”, ressaltaram em sua carta ao governo.

O projeto INNA, cujo custo é estimado em 10 bilhões de dólares, compreende três fazendas solares, três fazendas eólicas, um sistema de armazenamento de energia e as instalações para a produção de hidrogênio. O impacto no céu noturno ao redor do Cerro Paranal, segundo a análise realizada pela ESO, precisa ser cuidadosamente considerado antes que qualquer decisão final sobre a construção seja tomada.

Os cientistas continuam a fazer apelos para que a planta seja relocada, a fim de preservar um dos mais valiosos locais de observação astronômica do mundo. Com um futuro incerto para a planta de hidrogênio, o debate sobre o equilíbrio entre desenvolvimento sustentável e conservação científica está em pleno andamento.

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