Dieta Mediterrânea: Estudo Aponta Proteção Contra o Alzheimer, Mesmo em Casos de Risco Genético

Um estudo inovador publicado na revista Nature Medicine revela que a dieta mediterrânea pode ser uma poderosa aliada na prevenção do Alzheimer. A pesquisa demonstra benefícios significativos, inclusive para indivíduos com predisposição genética à doença, abrindo novas perspectivas na luta contra essa condição debilitante.

O estudo acompanhou, por mais de três décadas, 4.215 mulheres do Estudo de Saúde de Enfermeiras e 1.490 homens do Estudo de Profissionais de Saúde dos Estados Unidos. Os pesquisadores analisaram detalhadamente os hábitos alimentares dos participantes, coletaram amostras de sangue e avaliaram dados genéticos, buscando entender a relação entre alimentação e saúde cognitiva.

No início da pesquisa, a idade média dos participantes era de 57 anos. Ao longo do extenso período de acompanhamento, os cientistas identificaram padrões alimentares de longo prazo e analisaram metabólitos sanguíneos, moléculas que refletem como o corpo processa os alimentos. O objetivo central era determinar se a alimentação poderia influenciar a saúde do cérebro e reduzir o risco de demência.

Yuxi Liu, autora do estudo e pesquisadora do Brigham and Women’s Hospital e Harvard Chan School, destaca a importância da dieta mediterrânea. “A dieta mediterrânea é o único padrão alimentar que demonstrou benefícios cognitivos em estudos controlados”, afirma a pesquisadora, ressaltando a relevância dos resultados obtidos.

Os resultados revelaram que a adesão à dieta mediterrânea está associada a um menor risco de demência e a um declínio cognitivo mais lento. Surpreendentemente, o efeito protetor foi mais evidente entre os participantes com maior risco genético, ou seja, portadores do gene APOE4. Esse achado sugere que a alimentação pode, em parte, compensar a predisposição genética ao Alzheimer.

A doença de Alzheimer possui um forte componente hereditário, estimado em até 80%. O gene APOE4 é um dos principais fatores de risco, influenciando a forma como o corpo processa gorduras e proteínas no cérebro. Pessoas com duas cópias dessa variante genética apresentam um risco significativamente maior de desenvolver a doença.

Além disso, a análise dos metabólitos sanguíneos revelou que a dieta mediterrânea pode promover alterações benéficas, influenciando processos essenciais para a saúde cerebral. Esses achados reforçam a importância de mudanças nos hábitos alimentares como estratégia para proteger a cognição e abrir caminho para a prevenção personalizada do Alzheimer e outras demências.

Os autores do estudo reconhecem algumas limitações, como o fato de a pesquisa ter sido realizada principalmente com pessoas de ascendência europeia e alto nível educacional. No entanto, eles enfatizam que os resultados obtidos reforçam o papel crucial dos hábitos alimentares na saúde do cérebro e recomendam a dieta mediterrânea como forma de prevenção, especialmente para indivíduos com maior predisposição genética.

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