A nutrição adequada é crucial para a produtividade em fazendas leiteiras, mas a busca por maximizar a produção de leite pode levar a práticas prejudiciais. Uma dieta com alta concentração de ração, embora possa impulsionar a produção a curto prazo, apresenta riscos significativos para a saúde e a longevidade das vacas leiteiras.
Um veterinário e consultor especializado em gado de leite adverte que uma dieta composta por 60% de concentrado e apenas 40% de volumoso não é sustentável a longo prazo. Embora possa resultar em um aumento inicial na produção de leite, essa abordagem compromete a saúde ruminal e, consequentemente, a produtividade geral do animal.
O problema central reside na falta de volumoso, que impacta diretamente a ruminação. A ruminação é fundamental para a produção de saliva, rica em tamponantes naturais que neutralizam a acidez no rúmen. Uma dieta com 60% de concentrado reduz a salivação, elevando o risco de acidose ruminal e metabólica.
A acidose, por sua vez, desencadeia uma série de problemas de saúde, incluindo inflamações nos cascos (laminite), que causam dor e dificuldades de locomoção. Além disso, a acidose prejudica a saúde do rúmen, destruindo as papilas ruminais e reduzindo a população de microrganismos essenciais para a digestão.
Essa disfunção ruminal compromete a capacidade do animal de digerir os alimentos adequadamente, resultando em menor aproveitamento dos nutrientes e, consequentemente, queda na produção de leite.
Enquanto no gado de corte em confinamento e semiconfinamento dietas com 60% a 70% de concentrado são comuns, é importante ressaltar que a vaca de leite possui necessidades nutricionais distintas. A vaca leiteira, com uma ingestão diária de 15 a 20 kg de matéria seca, demanda uma dieta equilibrada para manter a saúde ruminal e garantir a produção sustentável de leite. O ideal é manter a proporção de 50% de volumoso e 50% de concentrado na dieta.