Entenda como enfermidades históricas como peste bubônica, cólera e hanseníase permanecem entre nós
Estudos revelam que doenças da Idade Média, como peste e cólera, ainda causam surtos na atualidade.
Doenças da Idade Média e sua relevância atual
A confirmação de um caso de peste bubônica nos Estados Unidos em agosto de 2023 trouxe à tona a discussão sobre a persistência de doenças históricas, conhecidas por sua devastação durante a Idade Média, como a peste negra. Essas enfermidades, que muitos acreditavam ter sido erradicadas, continuam a fazer vítimas em diversas partes do mundo, incluindo a cólera e a hanseníase.
A infectologista Christiane Reis Kobal, do Einstein Hospital Israelita, explica que a prevalência dessas condições está frequentemente ligada a cenários de baixa condição socioeconômica e à falta de vacinas eficazes. Isso resulta em surtos e casos localizados que ainda podem ser fatais. Além disso, a evolução dos patógenos e a resistência a tratamentos tornam a erradicação dessas doenças um desafio constante.
O impacto histórico e atual da peste bubônica
A peste bubônica, causada pela bactéria Yersinia pestis, teve um impacto catastrófico na população durante a Idade Média. Atualmente, o surgimento de antibióticos e melhorias em saneamento básico reduziram significativamente sua prevalência. Segundo um relatório da OMS, entre 2019 e 2022, foram registrados apenas 1.722 casos em seis países, com a República Democrática do Congo liderando as notificações.
No Brasil, não houve casos desde 2005, mas regiões como a Serrana do Rio de Janeiro e o Semiárido Brasileiro são consideradas potenciais focos de peste. A falta de programas eficazes de controle e a transferência de responsabilidades para o Sistema Único de Saúde (SUS) complicaram a vigilância epidemiológica, deixando brechas para possíveis diagnósticos tardios.
Hanseníase: uma doença antiga que ainda persiste
A hanseníase, anteriormente conhecida como lepra, é uma condição causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Apesar de seu histórico que remonta a milênios, a doença ainda afeta muitos, especialmente no Brasil, que responde por 12,8% dos novos casos registrados globalmente em 2024. A dificuldade no diagnóstico precoce e as manifestações clínicas variadas complicam o tratamento, que requer um regime prolongado de antimicrobianos.
A cólera e suas epidemias
A cólera, transmitida pela bactéria Vibrio cholerae, circula desde o século 12, com pandemias sendo registradas desde o século 19. De acordo com a OMS, em 2025, foram notificados quase 463 mil casos, com a maioria das ocorrências em regiões com condições sanitárias precárias. O Brasil não registra casos autóctones desde 2006, mas a falta de acesso a vacinas e saneamento adequado mantém a população em risco.
Desafios na erradicação de doenças antigas
A erradicação de doenças é um desafio complexo. A única infecção que foi efetivamente erradicada na natureza é a varíola, conforme declarado pela OMS em 1980. A desigualdade social e a falta de vigilância epidemiológica são os principais fatores que contribuem para a persistência de doenças, como a peste, a hanseníase e a cólera. Para avançar, é essencial garantir acesso à água potável e saneamento básico, além de implementar programas adequados de vacinação e tratamento.
As mudanças nas condições de vida e o aprimoramento das técnicas de prevenção são vitais para controlar essas doenças, que, embora não erradicadas, podem ter sua incidência reduzida. A conscientização sobre essas enfermidades é crucial para que não sejam esquecidas e para que a população esteja atenta aos riscos que ainda representam.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: LIBRARY/Getty Images