Alta do dólar a R$ 5,35 reflete expectativas sobre juros nos EUA, Japão e declarações do Banco Central brasileiro
O dólar se valorizou ante o real nesta segunda-feira (1º), influenciado por expectativas sobre política monetária no Brasil, EUA e Japão.
Dólar se valoriza ante real em 1º de dezembro com foco na política monetária
Nesta segunda-feira (1º), o dólar se valorizou ante o real, fechando a sessão a R$ 5,3593, refletindo um movimento de ajuste e realização de lucros em moedas emergentes. A alta do dólar se relaciona diretamente às expectativas sobre a política monetária, tanto no Brasil quanto no exterior. Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central brasileiro, permanece firme em sua postura de manter a taxa Selic em 15% ao ano enquanto não houver sinais claros de melhora inflacionária.
Galípolo destacou em evento promovido pela XP, em São Paulo, que a política monetária vem surtindo efeito, porém de forma mais lenta do que o esperado. Ele reafirmou que não existem fatores novos que justifiquem mudança na manutenção da taxa básica de juros na próxima reunião do Copom, agendada para o dia 10 de dezembro. A mensagem é clara: a política monetária restritiva será mantida pelo tempo necessário para controlar a inflação no país.
Expectativas sobre juros nos Estados Unidos em meio a discurso do presidente do Fed
No cenário internacional, o mercado aguarda o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), para ter mais clareza sobre a trajetória dos juros norte-americanos. A reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc) ocorrerá entre os dias 9 e 10 de dezembro, mas já há especulações sobre um possível corte de 0,25 ponto percentual nas taxas, o que elevaria a chance estimada pela ferramenta FedWatch para 85,4%.
No entanto, o período de silêncio do Fed desde o último sábado tem gerado cautela. Investidores também consideram que a probabilidade de manutenção dos juros subiu levemente para 14,6%. Esse contexto adiciona volatilidade às moedas globais, influenciando o dólar em relação às principais divisas.
Impacto das decisões do Banco do Japão e valorização do iene
O dólar perdeu parte do seu vigor ante moedas fortes como o iene, que se valorizou 0,4%, atingindo a máxima da sessão em 155,49 pelo dólar. Essa alta ocorreu após o discurso do presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, na cidade de Nagoya, em que ele indicou que o BoJ avaliará os prós e contras de aumentar a taxa de juros na próxima reunião, prevista para os dias 18 e 19 de dezembro.
Ueda ressaltou que será importante analisar o comportamento da definição de salários pelas empresas, fator fundamental para decidir o momento do aumento dos juros. Esses comentários reforçaram as expectativas do mercado, que passaram de 60% para cerca de 80% de probabilidade de alta nas taxas japonesas.
Reação dos mercados diante das políticas monetárias globais e efeitos sobre o real
A valorização do dólar ante o real ocorre em um cenário global marcado por políticas monetárias distintas: a manutenção da alta taxa básica no Brasil por tempo prolongado, expectativa de cortes nos EUA e possível aumento no Japão. No Brasil, o real sofreu pressão adicional devido ao movimento de ajuste nas moedas emergentes, influenciado pela alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) e a perspectiva de aperto monetário no Japão.
O índice DXY, que mede o dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, operou em leve baixa no fechamento brasileiro, mas a moeda americana manteve-se em alta frente ao real. Isso reflete a dinâmica específica do mercado brasileiro, que permanece atento aos sinais do Banco Central e ao contexto inflacionário.
Perspectivas para a política monetária no Brasil e mercado cambial
Com a próxima reunião do Copom marcada para 10 de dezembro, o mercado observa atentamente as declarações de Gabriel Galípolo e os dados inflacionários para avaliar possíveis mudanças na taxa Selic. A postura de manter juros elevados enquanto não houver melhora clara na inflação indica continuidade da política monetária restritiva.
A trajetória do dólar frente ao real dependerá do equilíbrio entre essas decisões internas e os movimentos globais, incluindo a definição de juros nos EUA e Japão. Investidores devem acompanhar de perto esses eventos para compreender as direções do câmbio e seus impactos na economia brasileira.
Fonte: www.moneytimes.com.br