Análise sobre como as negociações de paz estão moldando a relação entre EUA e Ucrânia.
A diplomacia frenética entre EUA e Ucrânia busca agradar Trump em meio à guerra com a Rússia.
A complexidade da diplomacia internacional em relação ao conflito na Ucrânia tem revelado um cenário em que a necessidade de agradar o presidente dos EUA, Donald Trump, parece ser uma prioridade maior do que o próprio resultado das negociações de paz. Recentemente, a Ucrânia intensificou seus ataques aéreos contra alvos russos, uma estratégia que visa não apenas levantar o moral da população diante das dificuldades impostas pelos bombardeios russos, mas também sinalizar aos aliados ocidentais que o país ainda está disposto a lutar.
A urgência da negociação
No entanto, a questão que surge é: quais negociações realmente estão em andamento? As conversas entre os negociadores de Trump e as autoridades russas estão sendo encaradas com ceticismo tanto em Kiev quanto nas capitais europeias. O chanceler alemão, Friedrich Merz, expressou sua descrença na sinceridade das intenções de Vladimir Putin, vendo suas ações como uma manobra para ganhar tempo.
Os políticos ucranianos compartilham essa visão, destacando que os russos parecem mais interessados em evitar sanções adicionais de Trump do que em buscar um acordo real. As mais recentes estimativas indicam que a Rússia aumentou drasticamente seu orçamento militar, refletindo um investimento recorde que consome uma parte significativa de sua receita tributária. Essa escalada militar não apenas demonstra a determinação de Putin em manter a guerra, mas também levanta preocupações sobre as implicações sociais e políticas que um eventual acordo de paz poderia ter na Rússia.
O papel de Trump e seus negociadores
A introdução de Jared Kushner, genro de Trump, como negociador-chave é um indicativo da esperança de Washington em alcançar um acordo que possa ser apresentado como uma vitória diplomática. Recentemente, o enviado especial dos EUA, Gen. Keith Kellogg, afirmou que um acordo estaria “muito próximo”, dependendo apenas de algumas questões cruciais, como o status do Donbas e da usina nuclear de Zaporizhzhia. No entanto, a falta de clareza sobre quais negociações estão realmente ocorrendo, seja entre os EUA e a Rússia ou entre os EUA, a Ucrânia e a Europa, permanece um obstáculo significativo.
Desafios e incertezas
Putin tem se mostrado relutante em dialogar diretamente com a Ucrânia ou com os líderes europeus, preferindo que Trump atue como intermediário. Essa estratégia não só busca garantir concessões, mas também explorar as divisões existentes entre os aliados ocidentais. A pressão para evitar a responsabilidade por negociações malsucedidas está levando a uma diplomacia frenética, onde cada parte tenta justificar suas ações e manter a aparência de progresso.
O ex-oligarca russo Mikhail Khodorkovsky observa que Putin acredita que a Rússia ainda possui a vantagem no campo de batalha e, portanto, não sente necessidade de oferecer concessões significativas. Ele sugere que, para o Kremlin, a combinação de ação militar e pressão diplomática é uma tática que o Ocidente não consegue resistir. No entanto, qualquer acordo que satisfaça Putin pode desencadear uma crise política na Ucrânia, especialmente se envolver concessões territoriais que poderiam ser vistas como uma traição à soberania nacional.
O cenário futuro
A impossibilidade de um acordo que não leve à capitulação da Ucrânia é um dos principais obstáculos. Zelenskyy enfrenta a pressão interna de seus compatriotas, que enxergam qualquer concessão como uma traição, o que poderia desestabilizar ainda mais o cenário político no país. Assim, as próximas semanas parecerão cruciais, não apenas para a Ucrânia, mas para todo o ocidente, que observa atentamente como essas dinâmicas se desenrolam em meio à incerteza que permeia as relações transatlânticas.
Em um contexto de festas de fim de ano, a atmosfera entre os diplomatas é tensa, refletindo a luta contínua para entender o futuro das relações entre a Europa e os Estados Unidos no contexto da guerra na Ucrânia.
Fonte: www.politico.eu



